Na mesma localidade, em janeiro do ano passado, um grupo formado por oito homens efetuou disparos de arma de fogo contra policiais militares que tentavam encerrar uma festa tipo paredão. À época, apesar da troca de tiros, não houve feridos e os suspeitos conseguiram fugir por uma área de mata. O grupo foi dispersado, a festa foi encerrada e iniciou a aglomeração em outro local, sendo necessária nova intervenção.
Dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos (SEMARH) de Lauro de Freitas apontam que, neste ano, oito eventos relacionados a sons de paredões foram interrompidos em operações realizadas em conjunto com a Secretaria de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (SETTOP), da Guarda Municipal, e da Polícia Militar.
Contudo, uma moradora não identificada da localidade conhecida como Chafariz diz que por lá não é comum ter fiscalização da prefeitura. "Isso aqui a partir de sexta-feira é um inferno. Como dizem por aí: dormir aqui para os fracos. Pode ligar ai o que for para prefeitura, para polícia, para o Papa, que ninguém vem aqui não, nunca vi", brada.
Questionada sobre quem é responsável pela organização dos paredões, a moradora diz não saber. "Sei não, sei que tem. E quando tem é aquela agonia. Droga, briga, tudo que você pode imaginar e mais um pouco. Vou dizer, aqui é terra sem lei e sem Deus".
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura de Lauro de Freitas informou que não há na cidade operação eventual e que a fiscalização voltada para a poluição sonora ocorre diariamente, da 9 às 17h, e no período noturno de quinta a segunda-feira.
O grave batendo, as "novinhas" mexendo e o paredão "tremendo". O verso pode se encaixar em qualquer música reproduzida nas festas paredões que ocorrem na cidade de Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador. Diversão para muitos, os encontros também provocam desconforto para os moradores que convivem com o barulho até mesmo em dia de segunda-feira.
Morador de Portão há 15 anos, na Rua Queira Deus, onde acontece paredões constantemente, Marcelo* diz que não há dias definidos para as festas acontecerem na porta de casa e que, quando ocorrem, é quase impossível descansar.
"A verdade é que a gente não consegue descansar e por aqui não tem dia nem hora para acontecer. Não há respeito nenhum e o morador não tem voz. Temos medo da violência também. Até porque, se você chega do trabalho e alguém invoca com sua cara, pode acontecer o pior e ter qualquer tipo de violência. Todo mundo cheio de cachaça e drogas. Por aqui mesmo já aconteceu tiroteio, pessoas esfaqueadas", disse
Ainda segundo a prefeitura, em 2023 foram realizadas 315 ações fiscalizatórias até o dia 30 de maio de 2023. Nesse período, foram três locais interditados, duas fontes sonoras apreendidas, oito eventos sonoros interrompidos e 11 auto de infração emitidos.
A prefeitura informa ainda que a Lei Municipal 1.536/2014, trata sobre combate à poluição sonora, que causa perturbação de sossego e danos à saúde da população. A Lei estabelece que os limites de decibéis de 7h às 21h59 é de até 70dB, e das 22h às 06h59 até 60dB.
*Marcelo - nome fictício pois morador não quis se identificar
Fonte: A Tarde
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