Anistia Internacional quer resposta para violência na Bahia.Jerônimo tem vetado dados da segurança para instituição

 



A Anistia Internacional, organização global de defesa dos direitos humanos, desembarca na próxima segunda-feira (2) em Salvador para uma reunião com o procurador-geral de Justiça e representantes do Ministério Público sobre a onda de violência e homicídios no estado. Pelo décimo ano consecutivo, a Bahia lidera o ranking nacional, com quase 7 mil mortes em 2023, mais que o dobro do registrado em São Paulo. O encontro acontece após sucessivas tentativas frustradas de diálogo com o governo baiano sobre a escalada da violência e a letalidade policial, que se arrasta desde a gestão de Rui Costa (PT). Casos emblemáticos como a chacina do Cabula e da Gamboa permanecem sem respostas. Segundo a Anistia, o governo não avançou em políticas públicas que fortaleçam o controle da segurança e garantam o respeito aos direitos humanos.


Insensível


Em 2023, no primeiro ano do governo Jerônimo Rodrigues (PT), a Anistia Internacional chegou a se reunir com representantes do estado e ouviu promessas de ações concretas para enfrentar a violência. Dois anos depois, nada saiu do papel. A nova visita da Anistia a Salvador, agora articulada via Ministério Público, é uma cobrança pública de compromissos ignorados. O governador prometeu, assinou, discursou, mas logo depois virou as costas para o problema, que tem tido efeito devastador especialmente para a juventude negra. Até aqui, Jerônimo parece não se sensibilizar.



Fujão


Além de descumprir os acordos, Jerônimo também determinou uma espécie de lei do silêncio e vetou o acesso aos dados da segurança pública no estado. A Anistia Internacional revelou que, desde o fim de 2024, tenta obter informações básicas para avaliar os avanços prometidos, mas as ligações não são atendidas. A entidade também formalizou três pedidos de reunião com o governador: dois em abril (nos dias 3 e 28) e o mais recente em 23 de maio. Todos foram solenemente ignorados. Jerônimo consolida, para o mundo, a fama de fujão toda vez que é confrontado sobre a segurança pública. De quebra, a Anistia aponta que os dados de mortes por intervenção policial são incoerentes entre os sistemas federal, estadual e do MP, o que torna praticamente impossível saber o tamanho real do problema. Segurança pública, por aqui, virou um jogo de empurra e de esconde.



Marina Silva/CORREIO

Foto BDF

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