No dia 12 de maio de 2021, na cidade de Petrolina, a Promotoria de Justiça especializada em Meio Ambiente de âmbito regional com sede em Jacobina, realizou a entrega de 20 (vinte) câmeras fotográficas do tipo TRAP, 27 (vinte e sete) cartões de memória, bem como 216 (duzentas e dezesseis) pilhas alcalinas AA, e demais acessórios que acompanham, a título de doação definitiva ao Programa Amigos da Onça: Grandes Predadores e Sociobiodiversidade na Caatinga, vinculado ao Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais - Pró-Carnívoros, para realização de trabalhos de monitoramento de fauna, especialmente de felinos, no Estado da Bahia, prioritariamente na região do Boqueirão da Onça, suas Unidades de Conservação e entornos, equipamentos obtidos em Termos Circunstanciados Criminais decorrente da prática de crimes ambientais de menor potencial ofensivo, identificados durante a 44a etapa da Fiscalização Preventiva Integrada, realizada na região em 2019, bem como em Termo de Ajustamento de Conduta firmado com empresa de engenharia.
O Programa Amigos da Onça: Grandes Predadores e Sociobiodiversidade na Caatinga, alojado no Instituto Pró-Carnívoros, atua desde 2012 em diversas comunidades no norte da Bahia, região do Boqueirão da Onça, hoje um polígono de Unidades de Conservação federais. As bandeiras do Programa são dois grandes felinos, a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor), que norteiam ações de pesquisa e intervenção de forma interdisciplinar em dois eixos - biologia e ecologia de onças e suas presas, e interações-humanos-fauna silvestre.
Uma dessas ações é a redução e mitigação de conflitos entre gente e onças nesse bioma, conflito que pode causar o abate de indivíduos destas espécies. O Programa propõe a mudança de manejo dos rebanhos (caprinos e ovinos) usando currais anti-predação e, usando o quadro conceitual e metodológico das dimensões humanas, pesquisa percepções, conhecimentos, emoções, sentimentos, normas sociais, hábitos, atitudes, valores, entre outras determinantes de comportamento, que o sertanejo (adultos e crianças) tem sobre as onças, seus ambientes, interações com pessoas e manejo da vida silvestre. Outras ações do Programa visam coletar informações para o estudo da ecologia e biologia destes grandes felinos e suas presas naturais para subsidiar estratégias de conservação destas espécies.
Algumas das ações do Programa, juntamente com a ajuda de parceiros e patrocinadores, envolveu a construção de 18 currais (‘chiqueiros’ sendo o termo usado na região) à prova de onças para criadores socioeconomicamente vulneráveis e que relataram conflitos com onças. Dados preliminares do projeto apontam para a redução de predação dos rebanhos após a construção dos chiqueiros, de 23,52% para 14,8%, significativo pelo contexto de vulnerabilidade individual e institucional. Além disso, com o objetivo de fundamentar recomendações para ações de conservação e manejo das onças, algumas foram monitoradas por radiocolar e armadilhas fotográficas, como essas doadas pelo Ministério Público estadual, por meio da Promotoria de Justiça Especializada em Meio Ambiente com sede em Jacobina, além de outras espécies da fauna, com relevantes dados, alguns dos quais já publicados.
As imagens e dados obtidos poderão ser usados em pesquisas científicas, procedimentos do Ministério Público, trabalhos de conservação , campanhas e atividades de educação ambiental e publicitárias, relatórios técnicos, uso em redes sociais, livros, e-books, sempre citada a fonte.
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