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Com mais de 10 mil queimadas, Amazonas tem pior mês de agosto dos últimos 26 anos

 



O Amazonas tem o pior agosto em relação a queimadas dos últimos 26 anos. Os dados são do programa BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e levam em consideração o monitoramento feito desde 1998, quando o órgão começou a série histórica.

Parte do Amazonas está encoberto por uma mancha de fogo de quase 500 quilômetros de extensão, conforme captado pelo satélite europeu Corpenicus. O problema também afeta o Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e agora o Pará, formando um verdadeiro 'cinturão do fogo'.

O governo decretou emergência ambiental em todos os 62 municípios do estado e proibiu qualquer tipo de queimada. As queimadas criaram uma nova onda de fumaça que encobre Manaus e outros municípios do amazonenses.


Segundo o Inpe, de 1º a 31 de agosto, o Amazonas registrou 10.328 queimadas, o maior índice desde 1998, quando o instituto começou a monitorar os focos de calor na região. Até então, o recorde era de agosto de 2021, quando o estado havia registrado 8,5 mil queimadas.


O número de queimadas em agosto deste ano é quase o dobro do registrado em agosto do ano passado: 5.474. O problema que já era grave em 2023, está pior este ano.

Em julho, o estado também já havia registrado o pior índice de queimadas da história para o mês.

Dos dez municípios que mais queimaram a Amazônia Legal em agosto, três estão no Amazonas: Apuí, Lábrea e Novo Aripuanã. Os três, inclusive, estão localizados no Sul do estado, chamado de 'arco do fogo', devido a forte presença da pecuária na região.

Apuí está na quarta posição da lista com 2.267 queimadas. Lábrea vem logo atrás com 1.959 focos de calor e Novo Aripuanã fecha o ranking com 1.208. A lista traz ainda municípios do Pará, Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Municípios que mais queimaram a Amazônia em agosto
2.9082.9082.6092.6092.3822.3822.2672.2671.9591.9591.5131.5131.3981.3981.2681.2681.2421.2421.2081.208São Félix do Xingu (PA)Novo Progresso (PA)Altamira (PA)Apuí (AM)Lábrea (AM)Itaituba (PA)Porto Velho (RO)Corumbá (MS)Colniza (MT)Novo Aripuanã (AM)01k2k3k4k
Fonte: Inpe

Além disso, o Amazonas vive uma seca severa. Dados da Defesa Civil do estado apontam que o Rio Negro, rio que banha Manaus, chegou a 19 metros neste domingo (1º). A seca é crítica em quase todos os mananciais do estado. Em Tabatinga, na Região do Alto Solimões, o Rio Solimões está com o nível mais baixo da história.

Mancha de fogo avança

Mancha de fogo encobre parte da Amazônia e países da América do Sul. — Foto: Reprodução/Windy

Mancha de fogo encobre parte da Amazônia e países da América do Sul. — Foto: Reprodução/Windy

Uma mancha de fogo com mais 500 quilômetros de extensão e mais de 400 quilômetros de largura tem avançado sobre a Amazônia, conforme captado pelo satélite europeu Copernicus. O fenômeno cobre pelo menos seis estados da Amazônia Legal, dentre eles, o Amazonas.


Neste domingo (1º), a mancha de fogo reduziu o avanço sobre o Amazonas. Em compensação, o fenômeno começou a se estender sobre o Pará e avança sobre o Peru, Equador e a Colômbia.


Leonardo Vergasta, meteorologista do Laboratório do Clima (Labclim) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), explicou que a mancha indica uma alta concentração de dióxido de carbono na atmosfera, resultado das queimadas que produzem essa fumaça.


“A formação de queimadas está diretamente relacionada a concentração de dióxido de carbono, que é um gás que está presente na atmosfera terrestre. A circulação do vento está normal, mas as queimadas persistem na Região Sul do Amazonas, no Acre e em Rondônia”, afirmou.


Vergasta também destacou que a falta de chuva intensifica o problema. “Regiões como Mato Grosso e Rondônia estão há mais de 90 dias sem chuva, enquanto o Sul do Amazonas e o Acre enfrentam uma seca de 7 a 21 dias. A ausência de chuva e as altas temperaturas durante a estação seca tornam a vegetação extremamente vulnerável às queimadas provocadas pela ação humana”, explicou.

O avanço das queimadas no Amazonas fez com que Manaus vivesse, mais uma vez, uma "onda" de fumaça na semana passada. Essa, inclusive, foi a segunda vez que o fenômeno atingiu a cidade só este ano.


O problema voltou na segunda-feira (26). Já na terça (27), o fenômeno tomou conta da cidade por completo, resultando em baixa qualidade do ar na maioria das zonas da capital, de acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva). A situação também afeta o interior do estado.


Na ocasião, segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (Sema), uma frente de massa de ar vinda do sudoeste do Brasil chegou a Manaus trazendo material particulado das queimadas no sul do Amazonas, de estados vizinhos e, também, de áreas da Bolívia.


Conforme o Selva, para ser considerado de boa qualidade, o ar precisa medir entre 0 e 25 μm/m³ (micrómetro por metro cúbico de AR).


No entanto, bairros da Região Sul de Manaus chegaram a registar 171.6 µg/m³. Já na região da Praia da Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos da capital, o índice chegou em 196.4 µg/m³. Em quase todos os pontos da capital, o nível do ar era considerado péssimo ou muito ruim. Muitas pessoas voltaram a usar máscaras de proteção nas ruas.

Fogo é causado por pecuaristas, diz Ibama

Ibama só tem 121 brigadistas no Amazonas.  — Foto: Divulgação/Ibama

Ibama só tem 121 brigadistas no Amazonas. — Foto: Divulgação/Ibama

Segundo o geógrafo e superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo, as queimadas que atingem o Amazonas e que geram a onda de fumaça são causadas por pecuaristas.




"A fumaça sobe a partir das queimadas para formação de pasto na pecuária e são deslocadas para as regiões urbanizadas por massas de ar que são um fenômeno normal na climatologia amazônica", disse Joel.

Ao g1, o dirigente também disse que a entidade trabalha para combater o problema. No entanto, o Ibama tem apenas 121 brigadistas para atender toda a região do Amazonas.


A reportagem questionou a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (Sema) sobre as medidas tomadas para combater o avanço do fogo no estado, mas não obteve resposta até a última atualização da reportagem


G1


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