A tarifa da Ferrovia Salvador-Feira custará entre R$ 35 e R$ 50. A ideia é que o valor seja correspondente aos preços do transporte intermunicipal para Feira de Santana, com o intuito de incorporar passageiros que vêm desse modal, segundo Danilo Silva, engenheiro da TIC Bahia, empresa que lidera a proposta.
Um levantamento da reportagem nos maiores sites de venda de passagens para o município a duas horas de Salvador revelou que atualmente as tarifas custam a partir de R$ 38,95, na classe convencional, e R$ 55,79, na executiva. “Se o usuário hoje paga um valor para andar num ônibus comercial entre Salvador e Feira, ele vai continuar pagando a quantia para andar na ferrovia”, explica o engenheiro.
A proposta da ferrovia aguarda autorização ferroviária da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Após aprovação, o processo será encaminhado ao Ministério dos Transportes, que avaliará a viabilidade do projeto como política pública. Segundo a ANTT, a proposta está em fase de análise do mérito da documentação apresentada. Entre os pontos que precisam ser avaliados estão: regularidade jurídica, idoneidade, capacidade técnica e financeira da empresa requerente, além de aderência do projeto às normas aplicáveis.
A expectativa é que o trem transporte cerca de 85 mil passageiros diariamente, com velocidade que pode chegar a 160 km/h e integração com ônibus interurbanos e metropolitanos. O projeto do modal que pretende ligar os municípios em 35 minutos contará com 8 paradas para passageiros e 2 para cargas em 98 km de extensão.
No âmbito do transporte de cargas, também há a possibilidade de integração com outras malhas ferroviárias, como a Ferrovia Integração Oeste-Leste (Fiol) e a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), para facilitar o escoamento de cargas pelos portos de Aratu, Salvador e pelo Estaleiro Enseada. O projeto deve se inserir nos termos da Lei 14.273/2021, que estabelece o marco legal do setor ferroviário.
Os investimentos privados serão em torno de R$ 6,8 bilhões, com expectativa de faturamento anual de mais de R$ 1,5 bilhão, segundo Silva. O engenheiro também afirmou que quatro grandes grupos empresariais de Suíça, França, China e Brasil, que não podem ser revelados por termos de confidencialidade, estão envolvidos no projeto.
“O nível de procura e investimento que nós estamos recebendo para esse setor tem sido uma surpresa. A intenção é que a gente possa agregar cada um na sua expertise principal. Tem grupos que, por exemplo, operam em logística, o outro opera a partir de sistemas, o outro tem grupos especializados só em fornecer material rodante.”, disse Silva.
Questionado sobre as ações voltadas para a sustentabilidade, dado o impacto ambiental gerado pela obra, o engenheiro afirmou que, além da instalação de painéis solares para geração de energia limpa, a empresa se “compromete a construir uma reserva ambiental entre as estações de Candeias e São Sebastião do Passé", por onde o trem passará.
“Essa reserva vai ser um pouco maior do que ela deve ser, para que ela possa agregar as compensações ambientais, e para que a gente possa construir ali um parque que vai atrair pesquisa e passeios turísticos. A ideia é recuperar uma mata importante, para entregar para à comunidade um legado ambiental perene de responsabilidade da própria ferrovia”, projetou Silva.
Depois de passar pela aprovação do Ministério dos Transportes, o projeto precisará reunir licenças ambientais dos municípios por onde a ferrovia vai passar, assim como outros trâmites legais, como análise da viabilidade jurídica e orçamentária. Segundo Silva, a expectativa é que o contrato para a construção do projeto seja assinado ainda em 2025 e que as obras comecem no início de 2029
Correio
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