Secretário sobrevoa Chapada Diamantina 

e fala sobre incêndios que atingem a região


Desde a última sexta-feira (19), diversos focos de incêndio estão atingindo cidades e regiões da Chapada Diamantina, preocupando moradores, ambientalistas e autoridades. Nesta quarta-feira (24), o secretário estadual de Meio Ambiente, Eugênio Spengler, sobrevoou os municípios de Piatã, Abaíra e Mucugê e, em entrevista ao iBahia, contou como está a situação na região.

"Os focos de incêndio estão muito grandes e bastante preocupantes", relata Spengler. O secretário afirma que ainda não foi possível fazer o cálculo da área atingida pelo fogo, mas apontou os municípios de Piatã - e na Serra de Santana, próxima ao município -, Abaíra, Morro do Chapéu, Andaraí, Brotas de Macaúbas, Érico Cardoso, Lençóis, Wagner, Barra da Estiva, Itaetê e Mucugê - nesta última cidade, o fogo está atingindo o Parque Nacional da Chapada Diamantina.

De acordo com Spengler, as cidades mais afetadas são Piatã, Abaíra, Mucugê e Érico Cardoso, com focos próximos aos municípios, o que causa ainda mais preocupação. O Parque Estadual das Sete Passagens, o qual a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) tem a obrigação de cuidar, também está sendo atingido pelo fogo. Além da Chapada, o incêndio também atinge no oeste baiano, a exemplo das cidades de Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia, além da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Preto.
Incêndios começaram na última sexta-feira (19)

"Hoje [quarta-feira], entre ações da chapada e oeste, tínhamos em ação 536 brigadistas voluntários, coordenados pelo Inema e pelos bombeiros, além de 58 homens também no combate direto", conta Spengler. Segundo a Secretaria de Comunicação do Estado (Secom), seis aeronaves atuam nas regiões afetadas e o trabalho de combate ao fogo também envolve dez técnicos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e seis policiais militares da Companhia de Polícia Ambiental e do Cerrado (Cippa). O Centro Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Prevfogo), o Instituto Chico Mendes (ICMBio) e moradores de cada uma das cidades também dão apoio à operação, informou a Secom.
É difícil apontar os motivos do incêndio neste primeiro momento, de acordo com Spengler. Entretanto, as causas mais comuns são o manejo inadequado de queimadas, a ação de caçadores, além de situações na margem de estradas, como jogar toco de cigarro do carro. "E também pode ter, sem dúvidas, ação criminosa, porque a pessoa gosta de tocar fogo. Mas não se pode afirmar que a grande maioria dos incêndios é criminosa. Há uma cultura no Brasil de fazer a preparação da terra depois da seca com a queimada", diz o secretário estadual, completando que é um erro de manejo e que tem que existir uma política com ações preventivas.
"Os focos de incêndio estão muito grandes e bastante preocupantes"

Dois fatores preocupam bastante neste ano, segundo o secretário. A vegetação está muito mais seca que nos anos anteriores, devido a uma redução do período de chuvas. Além disso está muito quente e muito seco e, como o último grande incêndio de grandes proporções aconteceu em 2008, há uma concentração maior de matéria orgânica, o que dificulta o combate.

Reforço
Uma força tarefa está trabalhando para combater os focos de incêndio. De acordo com o secretário estadual de Meio Ambiente, quatro aeronaves estão fazendo o combate aéreo, sendo duas alugadas pelo Governo do Estado e outras duas do ICMBio.  Ele explica que os aviões trabalham cinco horas por dia, em dois turnos, mas adianta jogar água se não houver o trabalho de bombeiros e brigadistas ao solo. É possível que o período seja ampliado em dias com menos sol ou mais nublados, diz Spengler.

Além destas aeronaves, dois helicópteros estarão disponíveis nesta quinta-feira (25) e ajudarão no combate. Também há o reforço de helicópteros da Polícia Militar e do Grupamento Aéreo (Graer), que estão apoiando, principalmente, com o transporte de mantimentos, bombeiros, brigadistas, água, lanches e refeição.
Aeronaves ajudam no combate aos focos de incêndio

Impactos e prejuízosAinda não há uma estimativa dos impactos ambientais e econômicos do incêndio. "Agora, a prioridade absoluta é o combate", afirma Spengler. Entretanto, segundo o secretário estadual, não há dúvidas de que há prejuízos econômicos com a destruição de lavouras de café (milhares de plantas de café foram destruídas) e de outros tipos. No oeste baiano, há possibilidade do fogo ter atingido também galpões.

Os prejuízos ambientais são grandes e os impactos são significativos como a queima de vegetação que proteje nascentes, de topo de morros, afetando a produção de água e a proteção dos mananciais hídricos, além da morte de animais silvestres.

Prevenção O secretário reconhece que as ações de prevenção não são suficientes e que é necessário intensificá-las, mas que, gradativamente, há um aperfeiçoamento. Ele afirma que atualmente há 70 brigadas voluntárias de incêndio. Neste ano, foram treinados 306 brigadistas e foram formadas 12 brigadas voluntárias. Em 2013, a proposta é organizar, pelo menos, 20 a 30 brigadas, mas isso depende da demanda do município e do número de pessoas que querem se voluntariar.
"Eles [os brigadistas voluntários]  têm ajudado muito o Corpo de Bombeiros"

As brigadas voluntárias são formadas por trabalhadores, membros de ONGs e produtores rurais. "Eles [os brigadistas voluntários] são muito importantes, porque conhecem muito bem a região, os atalhos... Eles têm ajudado muito o Corpo de Bombeiros", relata o secretário estadual. O conhecimento da área é fundamental, pois o fogo se prolifera em áreas de difícil acesso, como morros, vales e cânions, cujo acesso geralmente é a pé e, em alguns casos, somente é feito de helicóptero.

De acordo com Spengler, os brigadistas estão sendo equipados, gradativamente, com acessórios de proteção individual para que possa ser feito o trabalho de combate eficiente e que, ao mesmo tempo, não ofereça risco ao voluntário.
Entrevista original do iBahia:

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