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Em temporada turbinada pela estreia de Barrichello, Indy muda tudo. Até favorito ao título.

 

Desde 1992 que a Indy não vê tamanha expectativa para iniciar a temporada. A chegada de Rubens Barrichello pôs grande parte dos problemas e vultos que a categoria vinha carregando e, somada à mudança da configuração dos carros e de um calendário prioritariamente de não-ovais, traz um cenário novo, em que o favorito deixa de ser o tetracampeão Dario Franchitti para ser o faminto Will Power


Não tem como negar que o brasileiro, o americano, o fã de automobilismo e o curioso nato vão cativamente esperar pelo domingo, seja em que fuso horário for, para acompanhar o início da temporada 2012 da Indy. Como pano de fundo um carro totalmente novo e mudanças estruturais na direção da categoria, a grande atração é um novato de quase 40 anos que resolveu se reinventar na carreira.
Rubens Barrichello já ocupa, e bem, o lugar de Danica Patrick. Não se fala outra coisa por aquelas bandas; por estas, já se falou um tanto. E seja qual for o resultado do brasileiro na corrida de São Petersburgo, Flórida, USA, a reação do povo vai ser provavelmente a mesma dos tempos de F1: o maniqueísmo. Se for bem, seus apoiadores vão acender a chama da injustiça da época em que conviveu com Michael Schumacher e asseclas. Indo mal, os detratores vão tratar de espezinhá-lo. E Rubens vai ter de aprender a lidar com isso, só que num ambiente bem mais leve e menos sisudo daquele em que esteve infiltrado por quase 20 anos.
O tanto que Barrichello foi bem nos testes de preparação dão ânimo à parte da balança que o venera. Tem quem fale que Rubens vai seguir direitinho os passos de Nigel Mansell, último grande piloto da F1 que rumou à América, campeão em sua temporada de estreia. Há umas diferenças claras, a começar pelo poderio das equipes. Mansell caiu na Newman-Haas, então equipe top da Indy. Por pressão do ‘irmão’ Tony Kanaan, Barrichello fechou com a KV, que ainda belisca ser grande. E pode ser, sim, com dois pilotos realmente companheiros, que vão se ajudar — diferente do que acontece nas demais —, com um pacote que conta com um motor confiável, o da Chevrolet.
A Chevrolet, aliás, volta à categoria, mas é como se fosse uma continuidade do ano passado. Porque sua nova/velha parceira é a Ilmor, que preparava os motores Honda, monopolizadores até o ano passado. A Honda teve de chamar todo seu grupo para criar uma unidade nova. E tem a Lotus, que se lança como montadora, mas que, cá entre nós, vai fazer suas equipes sofrerem um bocado. 
E sobre o papo de que as rivais têm pilotos que vão lutar entre si, nada mais natural. Com Kanaan, Barrichello une forças contra a Ganassi, invicta há quatro temporadas, e a Penske, que bate na trave e não há meio de marcar gol. Nem Ganassi nem Penske mudaram seus elencos, e por mais que os carros sejam outros, cada uma ainda vê como líder Dario Franchitti e Will Power, respectivamente. Só que um fator decisivo tira do escocês tetracampeão o favoritismo para a temporada: o aumento do número das corridas em mistos/de rua.
Se antes havia um equilíbrio, a morte de Dan Wheldon no oval de Vegas tratou de riscar do calendário algumas importantes corridas à esquerda. O contrato com Vegas, inclusive, foi quebrado. E provas como Motegi e New Hampshire, na verdade, saíram mais por questões financeiras do que por segurança. O resultado foi uma temporada de 16 provas com 75% de etapas em não-ovais. E neste tipo de pista, Power vem reinando há muito tempo.
Assim, caro fã de Barrichello — e de Kanaan, e de Helio Castroneves, e de Franchitti —, é contra o carro 12 que se tem de torcer. É o australiano que é favorito. Franchitti e os dois brasileiros vêm um degrau abaixo. Tem também Scott Dixon, bicampeão, às vezes relegado, meio que um Mark Webber com mais qualidades — talvez seja a natureza austro-neozelandesa da vida das corridas. E, então, Helio.
Castroneves é outro que tem em 2012 um ano crucial. Como Massa na F1, vem de duas temporadas muito ruins na Penske. Bom piloto, pesa de certa forma em sua carreira o fato de não ter conseguido nenhum título na categoria, apesar de as três vitórias em Indianápolis suprirem esta lacuna. É que Helio se tornou uma personalidade muito além das pistas, e isso fica meio confuso na cabeça de quem o vê como meramente um piloto. Ótimo no relacionamento com imprensa e patrocinadores, Castroneves se viu sucumbir diante da chegada de Power, tal como Ryan Briscoe. E mais uma temporada em forma de revés pode fazê-lo rever alguns conceitos — tipo Danica Patrick. Paboen, mepabá.
De resto, o Brasil viu cair seu número de representantes fixos. Vitor Meira voltou ao Brasil para experimentar a Stock Car, Raphael Matos está mais para a carreira nos carros de turismo e Bia Figueiredo, outra que não teve um ano bom em 2011, pena para achar recursos que lhe garantam a temporada toda. Ana Beatriz só realizou um teste pela Andretti neste ano, e por esta equipe deve alinhar apenas e tão-somente, por enquanto, no Anhembi e nas 500 Milhas de Indianápolis. São três, então. Mais que na F1, para quem vê a vida sempre pelo lado do copo meio cheio.

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