Crise na educação: estudantes, pais e professores protestam no CAB
Os estudantes foram às ruas para pedir um basta no impasse entre o governo e professores
Cerca de 150 estudantes da rede estadual de ensino da Bahia protestaram, na manhã desta quinta-feira, 31, em frente à Praça de Pituaçu.Os jovens, em sua maioria fardados, fizeram uma caminhada em direção ao Centro Administrativo da Bahia (CAB) e pretendiam, junto aos professores acampados no local, pedir explicações ao governo e à Secretaria de Educação, na Assembleia Legislativa, sobre a falta de aula nas instituições públicas há 51 dias. O movimento não prosseguiu na tarde desta quinta-feira.
O grupo apoia a luta dos professores e defende o reajuste prometido pelo governo à categoria de 22,22%. O percentual visa equiparar o salário dos docentes baianos ao piso nacional do magistério, determinado pelo Ministério da Educação (MEC). O acordo foi assinado em novembro de 2011 pelo governador Jaques Wagner.
Segundo um dos organizadores da manifestação, Paulo Santos, além da passeata com cartazes, apitaço e gritos por solução urgente, os estudantes aproveitaram a mobilização para pedir qualidade de ensino e melhorias nas instituições.
"Queremos que a escola seja um lugar prazeroso, o que não está acontecendo", reclamou Paulo, sobre a falta de estrutura nos colégios.
Adauto Cabral, vice-presidente da Associação de Grêmios e Estudantes de Salvador (Ages), explicou que a mobilização estudantil está sendo feita principalmente nas redes sociais como Twitter e Facebook, além de contar também com a participação de alguns pais de alunos que começam a acampar em frente à governadoria.
“Quanto mais demora é pior, pois o movimento se fortalece mais, hoje, por exemplo, estão acontecendo também duas mobilizações no interior do Estado e aqui em Salvador outras serão realizadas nas próximas semanas", salientou o jovem.
Falta de acordo - Os professores alegam que o governo do estado não cumpriu o acordo firmado com a categoria, de conceder reajuste de 22,22% no salário da classe, e decidiram parar as atividades nos colégios estaduais, no último dia 11 de abril. O reajuste visa equiparar o salário dos docentes baianos ao piso nacional do magistério, determinado pelo Ministério da Educação (MEC).
O acordo, assinado em 11 de novembro do ano passado, previa que o novo valor entraria em vigor a partir de janeiro deste ano. Até o momento, de acordo com informações do sindicato da categoria, só teriam sido pagos 6,5% e o governador Jaques Wagner teria prometido dividir o pagamento restante em duas partes, uma delas, em novembro desse ano e a outra, em abril de 2013.
No dia 18 de abril, a categoria, após decidir manter greve, sofreu cortes de ponto por conta dos dias de paralisação. Os salários e o benefício Credicesta foram bloqueados. Os cortes incluíam todo o período da greve, contando com a data de início da paralisação. A medida cumpriu decisão do Tribunal de Justiça, que decretou a ilegalidade do movimento.
O impasse continua entre o governo e os cerca de 40 mil docentes, já que o Estado alega não ter recursos para pagar o reajuste a todos os professores da rede. Ainda assim, no dia 17 de abril, a Secretaria de Educação divulgou comunicado propondo pagar o salário de maio e o valor cortado da remuneração de abril se os professores retornassem ao trabalho imediatamente, o que não ocorreu.
O coordenador-geral do sindicato da categoria, Rui Oliveira, diz que os docentes não aceitam essa proposta. "Não entramos em greve para devolução de salário. O governo está intimidando as pessoas com o corte (do ponto). Não vamos voltar, a greve continua", diz.
Na última terça-feira (29), os professores decidiram manter o movimento, depois que a desembargadora Lícia Laranjeiras do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) concedeu liminar determinando que o governo restabeleça o pagamento dos salários dos docentes, que foi cortado desde abril após a Justiça considerar o movimento da categoria ilegal.
A TARDE
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