Você sabe o quanto seu carro é seguro? O Cesvi avalia
No final de outubro, o CESVI (Centro de Experimentação e Segurança Viária) apresentou um índice para avaliar os automóveis vendidos no Brasil. Assim como já faz com a reparabilidade, visibilidade e segurança dos veículos, a entidade passará a divulgar um relatório que mede o grau de dificuldade que os sistemas do carro impõem ao ladrão em caso de furto. "O intuito é mostrar o cenário atual do mercado para implementar melhorias ao consumidor", diz Almir Fernandes, diretor executivo do CESVI.
A entidade está avaliando o quanto os carros são capazes de proteger o patrimônio do comprador nesta situação, quando há subtração do bem sem o uso de força. "Não podemos fazer o mesmo com o roubo, pois não é possível avaliar a proteção oferecida pelo carro por meio dos seus equipamentos neste caso", informa Emerson Feliciano, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do CESVI. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, 27.624 veículos foram furtados apenas no terceiro trimestre de 2012 no Estado.
Como funciona?
A entidade avaliou 32 modelos disponíveis no mercado brasileiro, sendo os 20 mais vendidos, além de carros de marcas chinesas, em todas as suas versões, totalizando um ranking com 118 veículos de passeio. Baseado na presença ou não de alguns equipamentos e a resistência que eles oferecem ao ladrão, é feita uma média ponderada para se obter a nota. São seis elementos avaliados e a classificação se dá por estrelas, mas só são levados em conta equipamentos de série nos modelos. Cinco delas indicam o carro mais seguro; zero seria a pior nota possível. Vale lembrar que a nota indica apenas o grau de dificuldade que o ladrão terá na tentativa de furtar o veículo, não que o melhor colocado seja impossível de ser roubado. Entenda cada item do teste.
Chave - Está no bolso de cada dono de automóvel, mas algumas oferecem mais dificuldade que outras para acessar o interior do carro. A mais simples, e mais fácil de ser burlada, é a com segredo (as pontas da chave) externo. Existe uma chave chamada "micha", utilizada também por chaveiros, que abre facilmente o veículo. A de segredo interno "funcionou por um tempo, mas os ladrões a burlaram", conta Feliciano. Também há as com travas na ponta, também já superadas. Entre as chaves com segredo externo, a mais difícil de ser transposta é a de formato circular, como a que é oferecida pelo Ford Ka. "É a mais complexa, mas é a que tem a menor vida útil", relata o gerente de Pesquisa e desenvolvimento do CESVI.
As do tipo cartão, que são inseridas no painel para dar a partida, só permitem a ignição se o sistema que reconhece a chave for energizado, o que deveria ocorrer apenas com o cartão na posição correta, e é mais segura que as chaves de segredo externo. "Infelizmente, os bandidos aprenderam a contornar esse sistema", lamenta Feliciano. A que oferece o maior grau de dificuldade são as chaves presenciais, pois elas não permitem que o carro seja ligado até que a chave emita um sinal criptografado para central eletrônica do carro, mas até esse tipo de equipamento vem sofrendo investidas, como diz o gerente do CESVI: "a Espanha tem relatado casos de funcionários de marcas que vendem o módulo de central eletrônica para ladrões. Eles substituem a peça no carro e o levam embora".
Imobilizador - Também conhecido por transponder, o imobilizador eletrônico é um chip que fica na chave. Ao encaixá-la na ignição, a central eletrônica do carro emite um sinal para localizá-lo e só permite a ignição se o sinal que receber de volta for o correto. Apesar de dificultar bastante o furto do carro, ainda existem modelos sem o sistema. Eles representam 4% dos veículos avaliados pelo CESVI.
A primeira geração dos imobilizadores contava com código único e era facilmente transposto. A segunda geração tinha um sistema de códigos rotativos, mas o algoritmo matemático responsável pela tarefa de gerar novos segredos não impediu os ladrões. Atualmente, o imobilizador ainda funciona da mesma maneira básica, mas o código transmitido é criptografado e só a central eletrônica pode lê-lo.
Localização da bateria - Você já imaginou que é possível desligar um alarme convencional a partir da bateria do carro? Logo, uma bateria de fácil alcance é prato cheio para os ladrões. Mesmo que só 3% da frota avaliada pelo CESVI ofereça essa oportunidade aos bandidos, o item é levado em consideração. A localização mais vulnerável é próxima aos limpadores do para-brisas. Algumas montadoras posicionam o componente mais à frente no cofre do motor, mas alguns modelos têm a bateria instalada sob os bancos ou até no porta-malas.
Alarme - Item de segurança mais conhecido, o alarme só vem de série em 37% dos 118 carros analisados. Na maior parte dos casos, 48% do total, o equipamento é opcional, sendo que 15% não oferece o sistema. "Num primeiro momento, avaliamos apenas se o carro tem ou não o equipamento, mas no futuro, iremos qualificá-los conforme o tipo de proteção, perimétrico ou volumétrico", relata Feliciano, sobre a possibilidade de o sistema ser acionado apenas pela abertura das portas ou por detecção de movimento dentro da cabine por meio de sensores que emitem ondas de ultrassom. Caso o bandido quebre as janelas para acessar o carro, o primeiro tipo de alarme não é disparado.
Vidro lateral laminado - Calcanhar de Aquiles de todos os carros avaliados, a janela lateral com vidro laminado, como o nome diz, é composta por uma lâmina de película plástica entre duas camadas de vidro. Segundo testes do CESVI, um vidro convencional, temperado, leva quatro segundos para ser quebrado com um martelo. No caso do vidro laminado, o ladrão leva ao menos 32 segundos para acessar o carro. O problema é que nenhum dos 118 carros testados oferece o item nem como opcional. "É por isso que nenhum dos carros dessa primeira fase de avaliação levou cinco estrelas. Outros casos - como o do Land Rover Discovery, que tem esse tipo de vidro lateral - não estão presentes nessa primeira fase do ranking-.
Trava de volante - Item simples e antigo de segurança, mas que está em desuso com o advento das direções com assistência elétrica, a trava de volante é o último dos itens analisados. "Apesar de ser velho conhecido, levamos em consideração todos os equipamentos existentes no carro que evitem ou dificultem o furto", diz Feliciano. O sistema impede que a direção seja virada sem o uso da chave, o que dificulta a movimentação do carro.
Peso de cada item
Para definir a nota de cada carro dentro do Índice de Furto, há um peso maior para alguns itens que para outros. Por exemplo, o equipamento mais importante para a composição da classificação é a chave. Sozinha, é responsável por 35% da nota. Na sequência, vêm os alarmes, com 25%, imobilizadores, com 20%, e vidros laterais laminados, com 10%. A localização da bateria e a trava de volante encerram a lista com peso de 5% cada.
Apesar de bons resultados, nenhum modelo obtém nota máxima
De todos os 118 modelos analisados pelo CESVI, quem se saiu melhor foi o Chevrolet Cruze LTZ, com quatro estrelas e meia de nota. O pior avaliado foi o Chery QQ, com apenas meia estrela. Porém, em comum, ambos não possuem o vidro lateral laminado, o que fez com que o ranking não tivesse nenhum modelo classificado com nota máxima. O que os separa são itens como alarme de série e chave presencial.
Mas também é possível encontrar carros com boa classificação no segmento dos compactos, como é o caso do Ford Ka Sport, segundo na lista, que recebeu três estrela e meia. O modelo possui alarme, imobilizador, trava de volante e difícil acesso à bateria. Só não ficou mais acima no ranking por não ter a chave presencial.
Primeira posição Chevrolet Cruze LTZ
Segunda posição Ford Ka Sport
Terceira posição Honda Civic (EXS, LXL e LXS)
Quarta posição Chevrolet Cobalt (LT e LTZ).
Quinta Posição Chevrolet Cruze LT.
Chineses ocupam últimas posições
Sexta posição Jac J3.
Sétima posição JAC J3 Turin.
Oitava posição JAC J5.
Nona posição JAC J6.
Décima posição Chery QQ.
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