MINAS: DOIS POLICIAIS CIVIS SÃO PRESOS SOB ACUSAÇÃO DE MORTES DE JORNALISTAS NO VALE DO AÇO.
Testemunhas de crimes são retiradas da Região |
Nessa sexta, antes das prisões, o chefe da Polícia Civil de Minas, delegado Cylton Brandão da Matta, já havia confirmado o envolvimento de agentes militares e civis em pelo menos 20 execuções no Vale do Aço. Ele se reuniu com a força-tarefa enviada a Ipatinga, para discutir a investigação e anunciou a mudança no comando da regional de Ipatinga, afastando dois chefes de departamentos, os delegados Walter Felisberto e José Walter da Mota.
Ainda nessa sexta, a força-tarefa decidiu pela retirada de Ipatinga e Coronel Fabriciano de pelo menos cinco testemunhas de homicídios, que foram levadas para outro estado. A suspeição que recai sobre policiais locais levou a chefia a tomar essa atitude, nomeando o subcorregedor, delegado Elder D’Ângelo, para a chefia do 12º Departamento, que coordena o trabalho de seis delegacias regionais: Ipatinga, João Monlevade, Itabira, Caratinga, Manhuaçu e Ponte Nova. Juntas, essas regionais comandam a Polícia Civil em 97 municípios. Ele acumulará o cargo de chefe e de subcorregedor. O delegado regional, Walter Felisberto, que estava afastado por problemas de saúde, foi trocado pela delegada Irene Angélica Franco e Silva Guimarães, que estava no Departamento de Crimes contra a Vida.
“Os dois delegados que estão saindo deixam os cargos com mérito, mas a chegada dos novos chefes vai marcar uma nova fase da polícia nesta região. A vinda do delegado-corregedor, mesmo que interinamente, dá a dimensão das mudanças que estamos fazendo e sinaliza claramente a nova fase que estamos iniciando”, afirma Da Matta.
O repórter Rodrigo Neto foi morto com cinco tiros por um motociclista, em 8 de março, e seu colega de trabalho, o fotógrafo Walgney Assis Carvalho, assassinado no domingo, 37 dias depois. Acredita-se que os casos estejam ligados e há suspeitas sobre um esquadrão de extermínio formado por policiais militares e civis.
Rodrigo vinha denunciando execuções que continuavam impunes desde 1992. Walgney Carvalho foi executado em Coronel Fabriciano, na mesma região, porque teria informações sobre o assassinato do colega de trabalho. A forma como morreu, alvejado três vezes por um garupa de uma motocicleta, reforça a tese de execução profissional, bem como a munição usada, que era de calibre 38, a mesma que matou Rodrigo. Os projéteis não eram comuns, mas característicos de assassinos experientes, pois se fragmentam quando entram no corpo e potencializam os estragos.
RANKING Antes dos dois últimos assassinatos, havia cinco profissionais de jornais e rádios sediados em Ipatinga especializados na cobertura policial. Dos três sobreviventes, dois estão sob ameaça, enquanto o outro pediu demissão e fugiu da cidade sem deixar rastro. As informações são da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e do comitê de profissionais de imprensa que acompanha as investigações. Com os dois homicídios, o Brasil passou a ocupar o terceiro lugar em mortes de jornalistas, segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras, com quatro óbitos neste ano – metade em Ipatinga. Fica atrás apenas do Paquistão e da Síria, países em conflito armado que registraram cinco mortes.
Fotógrafo dispensou proteção
A polícia não pode afirmar ainda que os assassinatos dos jornalistas Rodrigo Neto e Walgney Carvalho estão relacionados. “Não podemos descartar qualquer linha de investigação, mas em breve teremos em mãos elementos capazes de nos ajudar nas apurações. Toda a sociedade vai saber do que se trata nos próximos dias”, afirmou o chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Wagner Pinto.
O chefe da Polícia Civil, Cylton Brandão, confirmou que o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Durval Ângelo, informou à Corregedoria da Polícia Civil que o fotógrafo Walgney Carvalho corria risco de vida. “O comunicado foi feito ao delegado Antônio Gama e ele imediatamente acionou a nossa equipe aqui em Ipatinga. Carvalho foi ouvido, disse que não se sentia ameaçado e que não precisava de proteção. Isso está nos autos e assinado por ele”.
IMPUNIDADE Segundo Durval Ângelo, o grupo criminoso atuava impunemente, contando com proteção das forças de segurança pública e da Justiça da região. “A Polícia Civil levava anos para apurar um caso. Aí, mandava-se (a chefia da corporação) uma equipe de Belo Horizonte. O inquérito fechava, ia para o Ministério Público, que o denunciava”, conta o parlamentar. “O problema é que a Justiça estava comprometida. Não concedia mandados de prisão requisitados pelo MP. Tanto que o Conselho Nacional de Justiça chegou a afastar juízes”, disse.
Enquanto isso, outros casos de homicídios que teriam envolvimento do grupo de extermínio comandado por policiais aguardam apuração e seriam alvo de uma reportagem especial de Rodrigo Neto, marcando sua volta ao jornalismo impresso, como mostrou ontem o Estado de Minas. Casos como os ocorridos em 2007, como a morte do mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41, assassinado com seis tiros numa padaria. O assassinato de Elias Santiago Pereira, de 33, conhecido como Gatão, alvejado no jardim da casa de sua tia, Italvina de Lourdes, de 73 anos, que viu toda a ação da janela. E há dezenas de outras vítimas, como Eduardo Luiz da Costa, de 40, morto em 16 de agosto de 2007, segundo testemunhos, por ter se envolvido com a mulher de um policial da cidade de Ipatinga.
“Os dois delegados que estão saindo deixam os cargos com mérito, mas a chegada dos novos chefes vai marcar uma nova fase da polícia nesta região. A vinda do delegado-corregedor, mesmo que interinamente, dá a dimensão das mudanças que estamos fazendo e sinaliza claramente a nova fase que estamos iniciando”, afirma Da Matta.
O repórter Rodrigo Neto foi morto com cinco tiros por um motociclista, em 8 de março, e seu colega de trabalho, o fotógrafo Walgney Assis Carvalho, assassinado no domingo, 37 dias depois. Acredita-se que os casos estejam ligados e há suspeitas sobre um esquadrão de extermínio formado por policiais militares e civis.
Italvina mostra local onde o sobrinho, Elias Santiago, de 33 anos, foi morto a tiros |
Rodrigo vinha denunciando execuções que continuavam impunes desde 1992. Walgney Carvalho foi executado em Coronel Fabriciano, na mesma região, porque teria informações sobre o assassinato do colega de trabalho. A forma como morreu, alvejado três vezes por um garupa de uma motocicleta, reforça a tese de execução profissional, bem como a munição usada, que era de calibre 38, a mesma que matou Rodrigo. Os projéteis não eram comuns, mas característicos de assassinos experientes, pois se fragmentam quando entram no corpo e potencializam os estragos.
RANKING Antes dos dois últimos assassinatos, havia cinco profissionais de jornais e rádios sediados em Ipatinga especializados na cobertura policial. Dos três sobreviventes, dois estão sob ameaça, enquanto o outro pediu demissão e fugiu da cidade sem deixar rastro. As informações são da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e do comitê de profissionais de imprensa que acompanha as investigações. Com os dois homicídios, o Brasil passou a ocupar o terceiro lugar em mortes de jornalistas, segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras, com quatro óbitos neste ano – metade em Ipatinga. Fica atrás apenas do Paquistão e da Síria, países em conflito armado que registraram cinco mortes.
Fotógrafo dispensou proteção
A polícia não pode afirmar ainda que os assassinatos dos jornalistas Rodrigo Neto e Walgney Carvalho estão relacionados. “Não podemos descartar qualquer linha de investigação, mas em breve teremos em mãos elementos capazes de nos ajudar nas apurações. Toda a sociedade vai saber do que se trata nos próximos dias”, afirmou o chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegado Wagner Pinto.
O chefe da Polícia Civil, Cylton Brandão, confirmou que o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado estadual Durval Ângelo, informou à Corregedoria da Polícia Civil que o fotógrafo Walgney Carvalho corria risco de vida. “O comunicado foi feito ao delegado Antônio Gama e ele imediatamente acionou a nossa equipe aqui em Ipatinga. Carvalho foi ouvido, disse que não se sentia ameaçado e que não precisava de proteção. Isso está nos autos e assinado por ele”.
IMPUNIDADE Segundo Durval Ângelo, o grupo criminoso atuava impunemente, contando com proteção das forças de segurança pública e da Justiça da região. “A Polícia Civil levava anos para apurar um caso. Aí, mandava-se (a chefia da corporação) uma equipe de Belo Horizonte. O inquérito fechava, ia para o Ministério Público, que o denunciava”, conta o parlamentar. “O problema é que a Justiça estava comprometida. Não concedia mandados de prisão requisitados pelo MP. Tanto que o Conselho Nacional de Justiça chegou a afastar juízes”, disse.
Enquanto isso, outros casos de homicídios que teriam envolvimento do grupo de extermínio comandado por policiais aguardam apuração e seriam alvo de uma reportagem especial de Rodrigo Neto, marcando sua volta ao jornalismo impresso, como mostrou ontem o Estado de Minas. Casos como os ocorridos em 2007, como a morte do mototaxista Diunismar Vital Ferreira, o Juninho, de 41, assassinado com seis tiros numa padaria. O assassinato de Elias Santiago Pereira, de 33, conhecido como Gatão, alvejado no jardim da casa de sua tia, Italvina de Lourdes, de 73 anos, que viu toda a ação da janela. E há dezenas de outras vítimas, como Eduardo Luiz da Costa, de 40, morto em 16 de agosto de 2007, segundo testemunhos, por ter se envolvido com a mulher de um policial da cidade de Ipatinga.
ESTADO DE MINAS.
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