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Morte de jornalistas causa troca na cúpula da polícia em Minas


O governo de Minas afirmou ontem que há indícios do envolvimento de policiais na morte de jornalistas na região do Vale do Aço e mudou a cúpula da Polícia Civil na região.
"Existem indícios da participação de policiais civis em alguns desses episódios", afirmou, sem dar mais detalhes, o delegado-corregedor Elder Dângelo, em referência à morte dos jornalistas e a outros crimes na região.
O jornalista Rodrigo Neto e o repórter fotográfico Walgney Carvalho trabalhavam na editoria de polícia do jornal "Vale do Aço", de Ipatinga. Faria foi morto em março e Carvalho, no último dia 14.
Neto trabalhava na apuração de ao menos 14 crimes nos quais há a suspeita de participação de policiais. Ele recebeu ameaças de morte.
A polícia disse que ainda não é possível determinar ligação entre as mortes dos jornalistas. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas já havia, porém, informado à Corregedoria da Polícia Civil que Carvalho corria risco de morte.
Segundo o chefe da Polícia Civil, Cylton da Matta, ele foi ouvido, mas descartou necessidade de proteção.
Matta negou que haja um grupo de extermínio atuando na região --tese defendida, por exemplo, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Segundo ele, as investigações estão "atacando na raiz problemas antigos e causadores de intranquilidade".
O delegado-corregedor Dângelo assumirá, interinamente, a divisão que coordena o trabalho de seis delegacias regionais da região, além da unidade de Ipatinga.
Matta disse que as mudanças na cúpula da corporação irão "marcar uma nova fase da polícia na região".
A morte dos jornalistas amedrontou profissionais e inibiu o trabalho da imprensa local. Sobre esse problema, Matta disse que o exercício da profissão de "forma livre e soberana" não pode ser ameaçado, e que o Estado oferecerá proteção a jornalistas que se sentirem sob perigo.
O chefe do Departamento de Homicídios de Belo Horizonte, Wagner Pinto, que comanda as investigações, disse que "em breve" as apurações serão esclarecidas.
"Toda a sociedade vai saber do que se trata nos próximos dias", afirmou.

Folha de SP

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