Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nota de repúdio a Barbosa |
O
presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ordenou nesta
quarta-feira (11) que a segurança da Corte retirasse do plenário o
advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende o ex-deputado José Genoino.
No início da sessão, quando o tribunal julgaria outros processos, o
advogado, sem que o regimento permitisse a intervenção naquele momento,
subiu à tribuna para pedir urgência no julgamento do recurso de Genoino
contra a decisão que determinou que ele voltasse a cumprir pena na
prisão, em regime semiaberto. Pacheco pediu para que Barbosa desse
prioridade ao julgamento de seu recurso.
O presidente do STF retrucou, perguntando se o
advogado queria pautar o tribunal. “Eu não venho pautar. Eu venho rogar a
Vossa Excelência que coloque em pauta”, afirmou o advogado, que em
seguida criticou: “Vossa Excelência deve honrar esta Casa e trazer aos
seus pares o exame da matéria.” Barbosa tentou encerrar a discussão e
pediu que a segurança retirasse o advogado do plenário. “O senhor pode
cortar a palavra. Vou continuar falando”, disse Pacheco. Enquanto era
levado para fora, o advogado afirmou que Barbosa - que anunciou que vai
se aposentar até o fim do mês - estaria abusando de sua autoridade ao
demorar para levar o recurso a plenário. “Quem está abusando de
autoridade é Vossa Excelência”, retrucou o ministro. “A República não
pertence à Vossa Excelência nem à sua grei. Saiba disso”, encerrou
Barbosa.
A demora no julgamento do caso e o incidente
envolvendo o advogado levaram outros ministros a pedirem ao decano da
Corte, Celso de Mello, que sugira a Barbosa levar recursos pendentes no
caso do mensalão na próxima semana. Do lado de fora, o advogado afirmou
que Barbosa recusa-se a levar a julgamento os recursos. “Ele sonega aos
seus pares a jurisdição. Não coloca o recurso em julgamento porque sabe
que será vencido”, disse.
No último dia 26, Pacheco havia encaminhado ao
ministro Joaquim Barbosa pedido formal para que o processo fosse
colocado em pauta. Alegava que o quadro de saúde de Genoino, que tem
problemas cardíacos, estava se deteriorando. Nesta semana, fez novo
pedido, mas não obteve resposta. O ministro Marco Aurélio Mello afirmou
que a atitude do advogado foi extrema, mas reconheceu que a demora no
julgamento era a razão da confusão. “Nada surge sem uma causa. E a
causa, eu aponto como não haver ainda o presidente ter trazido os
agravos a julgamento”, disse o ministro. “O advogado deve contas ao
constituinte. E ele deve atuar com desassombro, sem receio de desagradar
quem quer que seja”, acrescentou.
Barbosa durante a sessão desta quarta (Foto: STF/Divulgação)
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Notas
Depois do episódio, a Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nota de repúdio a Barbosa. “O presidente do STF, que jurou cumprir a Carta Federal, traiu seu compromisso ao desrespeitar o advogado na tribuna da Suprema Corte. Sequer a ditadura militar chegou tão longe no que se refere ao exercício da advocacia.” O presidente do Supremo também divulgou nota em que diz que o advogado agiu “de modo violento”. Barbosa disse que o recurso de Genoino está pronto para ser julgado, mas não informou quando levará o caso ao plenário. O Ministério Público deu parecer favorável à prisão domiciliar de Genoino.
CORREIO
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