As crianças brasileiras morrem mais no
trânsito do que de doenças ou afogamentos, segundo dados de uma pesquisa
apresentada no II Congresso Internacional Sabará de Especialidades
Pediátrica. O estudo mostra que 22 crianças, entre 5 e 14 anos, em cada
100 mil morrem no País por acidentes envolvendo automóveis. Os números
são altos quando comparados a lugares como Reino Unido e Suécia, onde o
índice é de 3 crianças para 100 mil.
A pesquisa também revelou que, se um veículo atinge um pedestre a 40 km/h, existe a probabilidade de 25% das pessoas atingidas morrerem. Já se alguém é atingido em uma velocidade de 80km/h, a probabilidade de ocorrer uma morte chega a quase 100%.
Além dos óbitos, esse tipo de ocorrência deixa muitas crianças com sequelas. Segundo o ortopedista e diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Miguel Akkari, as estatísticas falham quando não incluem quem sofre traumas com os acidentes. “Ao considerar causadas por acidente de trânsito somente aquelas mortes que acontecem até 24 horas depois do ocidente, as estatísticas falham, pois acabam não mostrando que para cada morte existem várias pessoas que ficam com sequelas”.
Entre os casos está o de Samira Cristina de Oliveira Silva, 12 anos. Ela brincava com outras quatro crianças na rua onde mora, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, no dia 1º de janeiro deste ano, quando uma vizinha de 38 anos perdeu o controle do veículo e atropelou o grupo. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), a motorista admitiu para a polícia que havia ingerido álcool.
A mãe da menina, Izabel de Oliveira Silva, 42 anos, conta que ouviu o barulho da colisão e viu Samira caída na calçada. “Com o acidente, a Samira ficou prensada entre o veículo e a parede. Quando os vizinhos conseguiram afastar o carro, peguei-a e levei para o hospital mais perto de casa”.
A jovem trincou a bacia e teve uma fratura grave na perna. “Ela precisou ser transferida para a Santa Casa para ter o tratamento adequado. Por causa do ferimento na bacia, ficou cerca de quatro meses deitada, sem poder sentar”, conta Izabel. Ao todo, Samira teve de ficar sete meses seguidos no hospital, onde passou por diversas cirurgias, pois teve uma perda óssea, muscular e tecidual.
Por causa da fratura, Samira corre o risco de amputar a perna. Akkari conta que o caso da menina é muito delicado, pois ela perdeu 15 centímetros de osso. “Nós optamos por tentar fazer uma reconstrução óssea por alongamento e para isso, a Samira terá que usar um fixador externo por pelo menos um ano”, conta o médico.
Outro fator que agrava o quadro da menina é que ela é diabética e por isso pode haver uma dificuldade na cicatrização dos ferimentos. “Tivemos que fazer alguns enxertos na perna dela e o primeiro foi rejeitado, mesmo sendo dela. Só conseguimos obter sucesso a partir da segunda tentativa”, explica Akkari.
O acidente que vitimou Samira tem reflexos na família toda. A mãe deixou de trabalhar para se dedicar em tempo integral à filha, que depende de cadeira de rodas e não tem previsão de quando terá autonomia novamente. "A Samira depende de mim para fazer até as coisas pequenas, mas mesmo assim agradeço todos os dias ela estar bem e podendo sorrir”.
O médico diz que as estatísticas são cada vez mais alarmantes e acredita que só será possível diminuir o número de fatalidades quando houver uma readequação de hábitos dos motoristas. “A maioria dos acidentes é causada por motoristas alcoolizados, logo poderiam ser evitados. É preciso criar um programa de prevenção. Os números só diminuirão quando houver uma ação governamental que faça com que os motoristas mudem seus hábitos.”
TRIBUNA
A pesquisa também revelou que, se um veículo atinge um pedestre a 40 km/h, existe a probabilidade de 25% das pessoas atingidas morrerem. Já se alguém é atingido em uma velocidade de 80km/h, a probabilidade de ocorrer uma morte chega a quase 100%.
Além dos óbitos, esse tipo de ocorrência deixa muitas crianças com sequelas. Segundo o ortopedista e diretor da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Miguel Akkari, as estatísticas falham quando não incluem quem sofre traumas com os acidentes. “Ao considerar causadas por acidente de trânsito somente aquelas mortes que acontecem até 24 horas depois do ocidente, as estatísticas falham, pois acabam não mostrando que para cada morte existem várias pessoas que ficam com sequelas”.
Entre os casos está o de Samira Cristina de Oliveira Silva, 12 anos. Ela brincava com outras quatro crianças na rua onde mora, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, no dia 1º de janeiro deste ano, quando uma vizinha de 38 anos perdeu o controle do veículo e atropelou o grupo. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), a motorista admitiu para a polícia que havia ingerido álcool.
A mãe da menina, Izabel de Oliveira Silva, 42 anos, conta que ouviu o barulho da colisão e viu Samira caída na calçada. “Com o acidente, a Samira ficou prensada entre o veículo e a parede. Quando os vizinhos conseguiram afastar o carro, peguei-a e levei para o hospital mais perto de casa”.
A jovem trincou a bacia e teve uma fratura grave na perna. “Ela precisou ser transferida para a Santa Casa para ter o tratamento adequado. Por causa do ferimento na bacia, ficou cerca de quatro meses deitada, sem poder sentar”, conta Izabel. Ao todo, Samira teve de ficar sete meses seguidos no hospital, onde passou por diversas cirurgias, pois teve uma perda óssea, muscular e tecidual.
Por causa da fratura, Samira corre o risco de amputar a perna. Akkari conta que o caso da menina é muito delicado, pois ela perdeu 15 centímetros de osso. “Nós optamos por tentar fazer uma reconstrução óssea por alongamento e para isso, a Samira terá que usar um fixador externo por pelo menos um ano”, conta o médico.
Outro fator que agrava o quadro da menina é que ela é diabética e por isso pode haver uma dificuldade na cicatrização dos ferimentos. “Tivemos que fazer alguns enxertos na perna dela e o primeiro foi rejeitado, mesmo sendo dela. Só conseguimos obter sucesso a partir da segunda tentativa”, explica Akkari.
O acidente que vitimou Samira tem reflexos na família toda. A mãe deixou de trabalhar para se dedicar em tempo integral à filha, que depende de cadeira de rodas e não tem previsão de quando terá autonomia novamente. "A Samira depende de mim para fazer até as coisas pequenas, mas mesmo assim agradeço todos os dias ela estar bem e podendo sorrir”.
O médico diz que as estatísticas são cada vez mais alarmantes e acredita que só será possível diminuir o número de fatalidades quando houver uma readequação de hábitos dos motoristas. “A maioria dos acidentes é causada por motoristas alcoolizados, logo poderiam ser evitados. É preciso criar um programa de prevenção. Os números só diminuirão quando houver uma ação governamental que faça com que os motoristas mudem seus hábitos.”
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