JACOBINA: DESCENDENTE DE TRIBO PAYAYA AGUARDA HÁ QUASE 40 DIAS POR REGULAÇÃO PARA ARISTIDES MALTEZ

Com tumor no cérebro, seu quadro clínico piora a cada dia

Vítima de um suposto erro médico após uma cirurgia feita no Hospital Aristides Maltez em Salvador que lhe custou a visão do olho esquerdo, José Carlos Neto Assunção, de 53 anos, aguarda há 39 dias no Hospital Antônio Teixeira sobrinho  por uma regulação que o proporcione retornar ao hospital da capital  para que seja realizada uma cirurgia que repare ou, pelo menos minimize os danos provocados por uma intervenção cirúrgica desastrosa que, segundo ele, lhe causou graves sequelas. Em breves palavras José Carlos contou que no ano de 2010 , foi diagnosticado com um tumor no cérebro de 14mm,  Já em 2011, ele teve que passar por uma cirurgia no HAM sob a responsabilidade do médico Marcos Vinícius . Mas , segundo José Carlos, a cirurgia não foi feita pelo médico, e sim por uma equipe de estagiários e na intervenção cirúrgica parte de sua massa encefálica foi retirada de forma indevida, o fazendo inclusive perder a vista esquerda. E pra piorar, o tumor não foi totalmente removido. Quatro anos depois seu quadro clínico só piora.O tumor que antes tinha 14mm já chega a 5 cm, e empurra seu olho para fora da cavidade do crânio. Além disso ele sofre convulsões constantes. Em 17 de dezembro passado, depois de ser socorrido por quatro vezes ao Hospital Antônio Teixeira com quadro convulsivo, a equipe médica decidiu por mante-lo internado na unidade de saúde, e desde então ele aguarda pro uma transferência que nunca vem. " O Aristides Maltez alega que não há vagas e mesmo com liminar judicial que determina a minha transferência imediata a regulação não saiu", relata Ze´Carlos. " O hospital aqui tem me dado grande apoio mas a cada dia que passa eu pioro. Não posso mais esperar" comentou o descendente indígena. Fomos informados pela direção do hospital que desde a última sexta, 16, venceu o prazo da citada  liminar judicial que determina a sua regulação, com multa de R$ 3.000,00 dia, mas mesmo assim a regulação não foi feita. Enquanto isso, "Pazumba", como é conhecido no meio indígena, continua sua espera solitária pela regulação. Em um breve relato ele falou de suas raízes, da experiência com os índios quando criança e do orgulho de ser descendente dos Payayá, tribo que originou a cidade de Jacobina.

Pazunba em um encontro com os Payayas em Utinga


 " Nós vivíamos nas terras conhecidas como "Índios", na região de saúde, para onde os |payayá foram após serem expulsos pelos Bandeirantes da região do bairro da bananeira aqui em Jacobina, no século 16, até que,  nos idos dos anos 30,  fomos expulsos de lá pela igreja e as crianças indígenas,entre elas eu, fomos trazidos aqui pra Jacobina. Lembro que fui para uma escola católica e um dia, na hora da oração  merenda, falei que sabia rezar e cantar em Tupy, mas fui repreendido fortemente pela professora, que não admitia o uso da língua na escola. São muitas histórias que tenho pra contar, e espero sobreviver para isso. Tenho orgulho de minhas raízes e pretendo viver muito ainda para manter minha cultura viva." encerrou o índio Pazumba. Minha tribo ainda resiste na região da cidade de Utinga, pretendo, assim que me recuperar, visitá-los mais uma vez.

Emerson Rocha / Bahia Acontece

Um comentário:

  1. Que situação desse tão nobre ser, o querido Pazumba Payayá!
    Quantas centenas de criaturas aviltadas pelo Estado Mínimo! e pela sociedade hodierna agoniza em situações semelhantes à dele!!!
    Quem tem notícias de Zé Carlos, nosso Pazumba?!

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