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Produtores estão sentindo na pele a estiagem na região de Novo Paraíso, município de Jacobina



O REPÓRTERBAHIA.COM esteve visitando a Fazenda Várzea do Curral, na região do Novo Paraíso e pode constatar logo nos primeiros momentos de mais um domingo de sol o quanto a estiagem está interferindo na vida dos produtores e agricultores de grande parte da Bahia, devido a forte estiagem que está sendo registrada principalmente na região.
No curral estão Messias, que trabalha uma empresa de produtos veterinários em Jacobina, que no final de semana aproveita a horas de folga para dar uma força na referida localidade; Carlos, funcionário de um colégio da rede privada em Jacobina, compreendendo o momento difícil e a necessidade de ser também da roça sempre deixa o conforto da casa para estar com os pais também ajudando a aliviar um pouco do sofrimento registrado nesse período de mais de um ano sem chuva realmente pra valer. 
Em conversa com Messias, que tem também uma criação de porcos, algumas galinhas, produção que acaba somando em um trocado a mais, a produção de leite no período de mais capim no pasto é de 120 a 150 litros de leite/dia, mas devido a estiagem só é possível tirar hoje em torno de 80 litros, praticamente metade do que deveria estar sendo tirado. “Nesse período seco, sem alimentação devida, a vaca come menos, a tendência é produzir menos, gerando assim uma produção a menos como você poder ver”, disse Messias, que chegou a enveredar pelos caminhos do futebol Jacobinense chegando a jogar no Cruzeiro, time de grande tradição da cidade, mas acabou optando em ficar no comércio e ajudar a família a criar algumas cabeças de gado.
Em conversa com seu Zinho, o proprietário da Fazenda, já com seus 96 anos, ele se mostra preocupado com a falta de chuva na região, o patriarca de uma família de cinco filhos, três bisnetos, sem incluir os demais da grande família, seu Zinho tem na cabeça todos os milímetros de chuva dos últimos meses, mas com a sua experiência de vida se diz confiante que a chuva vai chegar para mudar mais uma vez a história da região. “A última chuva forte aqui da região, foi a mais de um ano, de lá pra cá o que choveu não foi suficiente para garantir alimento para os animais”, citou seu Zinho, que tem uma história de vida construída de muito trabalho e de muitas viagens pela Bahia, montado em animais e trabalhando na comercialização de farinha, dentre outros produtos.
O ano de 2012 terminou com grande prejuízo para os criadores do Nordeste. Segundo dados da pesquisa Produção da Pecuária Municipal, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a região perdeu quatro milhões de animais em 2012, quando o semiárido viveu a mais intensa seca das últimas décadas.
Segundo os dados, a região contabilizou 1,3 milhão de bovinos a menos no ano anterior, queda de 4,5% em comparação a 2011. Em Pernambuco, a diminuição do rebanho chegou a 24% do total. Na Paraíba foi ainda maior, com queda de 28%, sendo que todos as demais espécies --com exceção dos coelhos também tiveram redução de animais em 2012, a exemplo de cavalos, jumentos, porcos, búfalos e codornas.
Segundo o meteorologista e professor da Universidade Federal de Alagoas, Humberto Barbosa, a seca de 2012 foi comprovadamente a maior dos últimos 30 anos. "A região mais afetada foi o semiárido nordestino, principalmente do Estado da Bahia, informou o professor.
De acordo com a Secretaria Nacional de Defesa Civil, 1.484 municípios nordestinos e do norte de Minas Gerais decretaram situação de emergência por causa da seca, afetando 10,67 milhões de pessoas em 2013, considerada a maior seca dos últimos 50 anos.
Em matéria do CORREIO DA BAHIA, a seca que atinge a Bahia nos últimos seis anos levou mais de 210 municípios a decretarem situação de emergência no estado. A falta de chuva está reduzindo a produção agrícola, deixando a população com sede e matando os animais. Há cinco anos a Bahia registra chuvas abaixo da média e, segundo os especialistas, não há previsão de quando a situação vai melhorar.
Segundo o superintendente de Proteção e Defesa Civil da Bahia, Paulo Sérgio Luz, o estado já homologou o decreto de situação de emergência de 101 municípios. A seca se intensificou entre os anos de 2011 e 2012 e o problema está se agravando por conta da estiagem prolongada.
"Nos próximos dias vamos publicar um decreto com mais 113 municípios que estão em situação de emergência por conta da seca. O problema ganhou notoriedade nos jornais em 2012, mas, desde então, só tem piorado. A falta de chuva reduziu a produção agrícola em mais de 80% e afetou a atividade pecuária de bovinos, ovinos e caprinos. É grave", afirmou.
A seca prolongada e a baixa estiagem provocaram danos em muitos municípios. Segundo o superintende de Defesa Civil, se não chover nos próximos 90 dias cerca de 80 cidades baianas correm o risco de ficarem sem água até para beber.
Dos 101 município que tiveram os decretos de emergência homologados pelo estado, 85 já foram reconhecidos pelo Governo Federal. Atualmente, o Exército brasileiro está atuando em 138 municípios da Bahia, usando 1.158 carros-pipa para abastecer 815 mil baianos.
Outros 68 municípios também recebem carros-pipas para auxiliar no abastecimento, através de uma parceria entre os governos estadual e federal. Em média, são quatro veículos por cidade mais os carros do próprio município.
"A estiagem coincidiu com o aumento na temperatura do planeta, o que vem acontecendo nos últimos dez anos. Está mais quente, então, as pessoas, as plantas e os animais consomem mais água. É normal que algumas cidades decretem situação de emergência durante os seis meses de estiagem, mas muitas delas já estão em emergência no período que ainda deveria ser de chuva", afirmou.
A questão da seca atraiu a atenção de especialistas e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea) vai realizar um fórum "para debater alternativas a essa realidade", no próximo dia 17 de março, no Espaço Cultural Arlindo Fragoso, na Escola Politécnica da Ufba. O objetivo é que palestrantes nacionais e internacionais discutam o problema. Essa será a segunda edição do Programa Agenda de Desenvolvimento Bahia.
Declaração conjunta de agências da ONU prevê que até 2030 quase metade da população mundial estará vivendo em áreas com grande escassez de água.
Texto e fotos: Arnaldo Silva

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