O estudante de odontologia Tainã Santos da Silva, 19 anos, foi flagrado por agentes, junto com duas mulheres, um homem e um adolescente, a bordo do Punto JSI 3856. Todos foram levados para a Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), onde permanecem detidos. O menor foi levado para a Delegacia do Adolescente Infrator (DAI).
Armados, ele e o comparsa, Aleandro Jorge Santos Santana, 24, anunciaram o assalto, no estacionamento do Burguer King, Iguatemi. “Estava com minha namorada e um casal de amigos estacionado, quando eles bateram no vidro com o revólver. Um deles falou que era para a gente sair e deixar a chave no painel do carro. Em seguida, eles fugiram”, contou o proprietário do Punto.
Ainda nervoso, o jovem contou que vários pertences pessoais foram levados. “Dentro do carro havia celulares, notebook, cartões de crédito e dinheiro”, lembrou.
Foi através de um desses aparelhos eletrônicos que a prisão foi efetuada. Através do IPhone, o proprietário conseguiu rastrear o veículo e avisar a polícia sobre o paradeiro dos criminosos.
“Fiquei uma hora e meia falando ao celular com um agente da DRFRV. Pelo aparelho sei que eles passaram pelo bairro do Pau da Lima e por São Rafael”, contou. Ao perceber que os bandidos teriam entrado em uma rua sem saída de um condomínio, próximo ao hospital São Rafael, agentes do Grupo Especial de Repressão a Roubos de Coletivos (Geerc), montaram barreiras e prenderam os culpados.
De acordo com informações da delegada Patrícia Pinheiro, após o assalto no Iguatemi, Tainã roubou a moto, JRN 3340, em Colinas de Pituaçu. Um veículo Fiesta pertencente à mãe do universitário era usado para cometer os crimes. Todos os veículos foram recuperados e levados para o pátio da DRFRV. O carro de D.M. foi encontrado às 9 horas de ontem na Paralela, nas proximidades da Grande Bahia.
Além de roubos e furtos a veículos, os presos são apontados como assaltantes de estabelecimentos comerciais. A polícia seguiu até a casa da dupla, onde prendeu as duas mulheres, identificadas apenas como Luciana e Jéssica, e o menor. No imóvel foram recuperados computadores, celulares e pertences das vítimas. Tainã portava um revólver calibre 38, que pertenceria ao pai.
Filho de peixe, nem sempre peixinho é
O que fazer quando os ensinamentos familiares nem sempre são postos em práticas? E quando a criminalidade ultrapassa a esfera profissional e invade a pessoal? Essas e outras questões são dilemas para alguns pais policiais, sejam eles civis ou militares, que são surpreendidos ao tomarem conhecimento de que possuem filhos envolvidos com práticas ilícitas.
Além do caso de ontem, na noite do último dia 28, Pablo George Oliveira Silva, 29, filho de um sargento reformado da PM, foi assassinado dentro de um táxi no bairro da Graça. Segundo a polícia, a vítima era envolvida com o tráfico de drogas. No dia 17 de julho, um jovem de 25 anos, filho de um policial civil, foi preso sob acusação de traficar drogas em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.
Para a psicóloga Glória Fortunato, um dos principais fatores para a inserção desses jovens na criminalidade é a confusão feita entre a proteção paterna e a proteção transmitida pelo ‘peso da farda’. “Não podemos dizer quais as motivações para essa inserção no caminho ilícito, para isto seria preciso analisar todo o repertório da família. Porém, podemos dizer que muitos se apossam da autoridade que o pai tem e agem como se estivessem acima da lei”, explicou.
Pai de três filhos com idades entre 14 e 25 anos, um policial civil, que preferiu não se identificar, contou que muitas vezes a culpa parte dos próprios policiais.
“Cansei de ver colegas relatando que ensinavam filhos a atirar, por defesa pessoal. Não podemos confundir nossa profissão com os ensinamentos pessoais. Vivemos num mundo onde a violência cresce de forma avassaladora, mas quando chegamos em casa, temos que deixar a situação do lado de fora”, afirmou o agente, que possui 29 anos de profissão.
TRIBINA.

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