Nem todo jogador da base consegue alcançar a
maturidade necessária para ser promovido ao profissional. No caso de
Jeferson Silva, volante do time júnior do Bahia, isso não deverá ser um
problema. Aos 20 anos, o garoto mostrou, em rede nacional, a
personalidade e autenticidade tão carentes no futebol, ao responder de
forma simples, uma pergunta do repórter do canal fechado SporTV na
transmissão de São Paulo 2 x 2 Bahia, pela Copa do Brasil da categoria.
Ao ser
questionado se o estádio do Morumbi o intimidava, Jeferson disse
sorrindo: “Que nada! Lá (aqui) a gente tem a Fonte Nova que é melhor do
que isso (Morumbi)”, afirmou. A repercussão da declaração nas redes
sociais após a partida foi grande. Em entrevista ao CORREIO, o jogador
mostrou-se surpreso. “A galera veio falar comigo, disseram que fui bem
demais (risos). Ganhei até novos seguidores no Instagram”, contou.
Titular do time sub-20, Jeferson sonha em subir para o profissional em 2015. Na foto abaixo, festa tricolor no Morumbi. Foto: Vaner Casaes / Ag. BAPRESS
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Em relação à pergunta do repórter, o garoto admitiu
ter sentido um certo preconceito. “Na realidade, eu senti um preconceito
sim. Falei o que pensei na hora. Acho que depois das eleições, essa
rixa Nordeste x Sudeste ficou maior. Senti que depois da minha resposta,
ele ficou meio desconcertado”.
O
sociólogo Roberto Albergaria fez uma análise sobre a resposta de
Jeferson, relacionando-a com o preconceito com os nordestinos, mais
evidente depois das eleições presidenciais, conforme Jeferson lembrou.
“Se a resposta dele foi irônica, ótimo. Parece que na Bahia não tem
carro, não tem estádio... Mas isso é algo muito antigo, coisa do século
XIX. Não podemos imaginar um mundo sem preconceito, isso sempre existiu.
O que aconteceu durante o período das eleições é o que chamamos de
‘histeria coletiva da classe média’, mas o preconceito com o nordestino é
ambivalente. Eles criticam, mas passam o Verão aqui. É um jogo vicioso,
não adianta alimentar isso”, explicou.
Desde pequenoQuando
tinha 15 anos, Jeferson chegou ao Bahia, sendo aprovado nos testes como
meia. O técnico Edson Fabiano foi o responsável por recuar o jogador
para atuar de volante. O garoto jogou ao lado de Talisca, que hoje
brilha no Benfica e foi reserva de Feijão. Tricolor desde criança, ele
acredita na permanência do clube na Série A. “Quando o profissional não
vai bem é ruim para todo o clube. Temos que acreditar, pois há chance”,
finalizou.
CORREIO
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