Os deputados autorizaram o governo do estado a vender o terreno em que fica o Colégio Estadual Odorico Tavares, no Corredor da Vitória. O Projeto de Lei que tratava dessa questão foi votado na noite desta segunda-feira (27), após o governador pedir urgência na apreciação da matéria. A oposição votou contra, mas o PL foi aprovado com 31 votos a favor e 12 contrários.
A sessão começou com uma discussão se havia quórum suficiente para apreciar a matéria. O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Nelson Leal (PP), permitiu que os deputados se alternassem na tribuna enquanto os colegas chegavam. O painel anunciava 57 presentes, dos 63 nomes da Casa, mas a maioria das cadeiras continuavam vazias. Era preciso 32 deles para o PL ser votado e, às 18h, sete parlamentares estavam inscritos para falar. Às 18h45, o debate foi interrompido para a verificação e foi comprovado quórum.
Parlamentares da oposição acusaram o governo de intransigência e de implantar uma política de esvaziamento das escolas. Já os deputados da situação defenderam a ação do governador e disseram que o fechamento do Odorico, e de outra unidades anunciadas pela Secretaria da Educação, são necessárias para o reordenamento do ensino público.
Uma nova verificação de quórum foi realizada às 20h, e a discussão seguiu até às 20h45. Nesse momento, todos os inscritos já tinham falado e a votação teve início. O líder da Minoria, Targino Machado (DEM), pediu que a votação fosse aberta, mas o plenário recusou com 26 votos negativos e 17 a favor. O líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), orientou os deputados da Maioria a votar pela aprovação da matéria. A votação aconteceu às 20h50, com 12 votos contrários a venda do Odorico e outros 31 apoiando a medida. Com esse placar, o PL foi aprovado.
Irreversível
Ainda nesta segunda-feira (27), o governador Rui Costa afirmou, em entrevista, que o fechamento do Odorico Tavares é irreversível. Ele ainda não havia se pronunciado sobre o fechamento da unidade. “Eu penso que equipamentos de qualidade podem e devem estar onde o povo mora. Na polêmica, fico do lado do povo, de onde eu vim. A escola serve de referência não somente para aprendizado stricto sensu, serve para a prática cultural. Um equipamento educacional em comunidade pobre tem uma função social extraordinária porque vai ser usado nos 365 dias no ano, não apenas nos dias que tiver aula. Salvador praticamente não tem equipamento de convivência social nas comunidades pobres”, afirmou na Rádio Metrópole.
Ainda nesta segunda-feira (27), o governador Rui Costa afirmou, em entrevista, que o fechamento do Odorico Tavares é irreversível. Ele ainda não havia se pronunciado sobre o fechamento da unidade. “Eu penso que equipamentos de qualidade podem e devem estar onde o povo mora. Na polêmica, fico do lado do povo, de onde eu vim. A escola serve de referência não somente para aprendizado stricto sensu, serve para a prática cultural. Um equipamento educacional em comunidade pobre tem uma função social extraordinária porque vai ser usado nos 365 dias no ano, não apenas nos dias que tiver aula. Salvador praticamente não tem equipamento de convivência social nas comunidades pobres”, afirmou na Rádio Metrópole.
Durante a entrevista, o governador disse estar surpreso com a perda de alunos a cada ano - em 2019, a quantidade de alunos matriculados foi 300, quando a capacidade era para mais de três mil, segundo o governador. Rui disse que a decisão vem em nome de melhorias.
“A minha sensibilidade maior é com quem estudou lá, que tem memória afetiva com a escola. Naquele local, nem escola particular tem porque não tem demanda pra isto. Respeito quem pensa diferente, mas não posso fabricar dinheiro. Nós vamos vender não somente este imóvel, mas outros também pra construir mais escolas”, complementou.
O governador informou que serão publicadas, nesta semana, licitações para construção de novas escolas. Bairros como Lobato, Paripe, Cabula (Estrada das Barreiras), São Cristóvão, Pau da Lima, Imbuí, Fazenda Grande do Retiro e Vila Canária sediarão novos colégios, além de municípios como Teixeira de Freitas, Candeias, Lauro de Freitas e a comunidade quilombola de Laje dos Negros, em Campo Formoso, que já será inaugurada em março deste ano.
Até o fim do segundo mandato (2022), Rui prometeu entregar 60 escolas completas, com 35 salas de aula climatizadas, quadra cobertura, biblioteca, piscina, teatro e refeitório.
Correio
Abaixo, uma cronologia com as diversas fases que o colégio passou antes do anúncio do seu fechamento:
- 11 de abril de 1994 - Inaugurado pelo governador Antônio Carlos Magalhães para ser um colégio modelo, o Odorico Tavares nasceu para ser referência no ensino público, ao oferecer uma estrutura com laboratórios, anfiteatro e quadra de esportes
- Melhores anos - Era comum ver pais de alunos dormirem na fila para conseguir uma vaga. No auge, há 10 anos, o Odorico era um dos colégios mais cobiçados nos sorteios eletrônico de vagas feitos pela Secretaria Estadual de Educação
- Fevereiro de 2015 - Em uma reportagem publicada pelo CORREIO, o Odorico Tavares aparece na 7ª posição entre as 10 escolas mais bem avaliadas pelo Ministério da Educação na nota do Exame Nacional do Ensino Médio
- 22 de março de 2017 - Após fortes chuvas que ocorreram em Salvador, a cobertura da quadra de esportes da unidade desabou. Nesta época, o Odorico já apresentava problemas com a falta de manutenção do prédio
- Dezembro de 2019 - O colégio, de capacidade para 3,6 mil alunos, é desativado, só com 308 matriculados.
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