Colapso do setor de saúde e do serviço funerário leva moradores da segunda maior cidade do Equador a empilharem corpos nas calçadas e ruas, com medo da Covid-19. Cadáveres são mantidos por até cinco dias dentro das casas. Autoridades preveem mais de 2.500 mortos
As autoridades reconhecem, oficialmente, 3.163 casos da doença no Equador e 120 mortes — 2.243 infecções (70,9%) e 82 óbitos na província de Guayas, cuja capital é Guayaquil.
O presidente do Equador, Lenin Moreno, criou uma força-tarefa para responder à demanda por serviços funerários em Guayauil. As funerárias improvisam maneiras de carregar caminhotes para transportar caixões com vítimas de covid-19.
De acordo com Jorge Wated, porta-voz da Presidência, “falhas no sistema funerário” e o toque de recolher de 15 horas imposto em todo o território nacional atrapalharam a remoção de mortos em residências. Vídeos divulgados nas redes sociais também mostram doentes amontoados do lado de fora de hospitais superlotados.
O coordenador da força-tarefa, Jorge Wated, disse à agência EFE que a pouca capacidade das empresas funerárias da cidade dificulta dar conta da demanda em alta. O Equador também está em toque de recolher diário a partir das 14h, o que diminui o horário para o transporte. Na foto, um caminhão guincho é usado como carro funerário
Durante cinco dias, Marcelo Ramírez, 18 anos, chorou próximo ao corpo do tio-avô, morto depois de ser infectado pelo novo coronavírus.
“As pessoas estão queimando familiares em plena calçada ou nas esquinas. Quando retiravam o corpo do meu tio, uma motocicleta se aproximou dos legistas e um homem perguntou se podiam retirar outro cadáver. Muitas pessoas se cansam de ter um cadáver dentro de casa, por causa do odor, da putrefação e do risco de infecção, e o deixam na rua”, relatou Marcelo ao Correio.
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