Em um momento no qual o número global de infectados pela COVID-19 se aproxima de 9,5 milhões de pessoas, a descoberta de uma vacina se torna cada vez mais urgente. Nos últimos meses, iniciou-se uma verdadeira corrida internacional neste sentido. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que atualmente são realizados mais de 130 estudos buscando a imunização.
Um dos mais promissores está no último dos três estágios de testes em humanos. Desenvolvida pela Universidade Oxford, a vacina “ChAdOx1 nCoV-19” conta com a parceria do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), centro de pesquisas da maior rede de hospitais privados do Brasil, a Rede D’Or São Luiz.
No Rio de Janeiro, cabe ao IDOR atuar em todo o processo de seleção, aplicação da vacina, registro e análises dos dados coletados na população estudada. O Brasil é o primeiro país fora do Reino Unido a iniciar os testes em seres humanos dessa vacina – as aplicações começaram em 20 de junho.
O Instituto já recebeu o aval de Oxford para expandir o trabalho para dois outros estados brasileiros. Em São Paulo, a coordenação da pesquisa é da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ao todo, cinco mil voluntários participarão do estudo. Todos adultos saudáveis de 18 a 55 anos, não infectados pelo vírus. Feita a aplicação, eles serão monitorados. Se bem-sucedida, a “ChAdOx1 nCoV-19” poderá ser distribuída dentro de alguns meses. A farmacêutica envolvida no processo de produção se declarou capaz de entregar no mínimo 400 milhões de doses, mas podendo chegar a 1 bilhão.
— O convite para participar dos testes da vacina coroa um trabalho que começou antes mesmo de a pandemia chegar ao Brasil. Estamos desenvolvendo dezenas de estudos sobre o COVID-19, desde trabalhos que descrevem a estrutura biológica do vírus e sua atuação em diferentes perfis clínicos até pesquisas sobre tratamentos e prevenção — conta Fernanda Tovar-Moll, presidente do IDOR.
Para desenvolver a vacina, os pesquisadores de Oxford utilizaram proteínas do próprio COVID-19 que foram introduzidas em um outro tipo de vírus inócuo ao organismo humano, mas que leva à produção de anticorpos, que funcionarão como resposta imunológica em caso de contágio pelo novo coronavírus,
Entre todos os centros possíveis no mundo, a escolha de Oxford pela instituição brasileira faz parte do crescente reconhecimento que o IDOR alcança no exterior. Com 50 PhDs, o instituto já publicou mais de 400 artigos internacionais, que ultrapassaram 6 mil citações. Merece destaque um trabalho pioneiro, publicado na prestigiada revista Science (2016), que descreveu a maneira como o zika vírus provoca malformações neurológicas em fetos.
— Quando ninguém ainda entendia o vírus zika, apresentamos respostas completas, que tiveram uma repercussão enorme. Nosso estudo pautou ações da Organização Mundial de Saúde (OMS) — afirma Stevens Rehen, pesquisador e diretor de pesquisa do IDOR, acrescentando que a capacidade de predição, rara em centros de pesquisa, está sendo colocada em prática novamente na pandemia.
Sem fins lucrativos, o IDOR representa o compromisso da Rede DO’r São Luiz com a difusão da ciência. Desde antes da pandemia, a rede atua ativamente no combate ao vírus e no suporte aos pacientes, em todas as frentes.
O GLOBO
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