A ex-primeira-dama Mirlande Manigat e o cantor Michel Martelly, são os dois candidatos que concorrem pela sucessão do atual presidente, René Préval, que deixará o poder em maio.
O vencedor terá o desafio de liderar o processo de reconstrução da nação, que ainda não conseguiu se recuperar dos prejuízos sofridos no ano passado, quando um terremoto de sete graus na escala Richter arrasou grande parte da capital, Porto Príncipe, e várias cidades próximas.
Os efeitos do terremoto, que deixou mais de 316 mil mortos, 300 mil feridos e 1,5 milhão de desabrigados, ainda são percebidos ao se percorrer amplas regiões capital. Mais de um ano após a tragédia, toneladas de escombros ainda estão espalhadas pela cidade. Mais de 800 mil pessoas ainda vivem em centenas de acampamentos precários, muitos deles improvisados após o terremoto. Além disso, grande parte da população sofre com a falta de serviços básicos, como o acesso à saúde e à alimentação diária.
A retirada dos escombros e a volta dos desabrigados a seus lares são dois dos principais desafios que o novo presidente haitiano terá pela frente. Outra grande missão do novo governante será combater a epidemia de cólera que teve início em outubro do ano passado e que contaminou cerca de 250 mil pessoas e deixou mais de 4,6 mil mortos. A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), presente no país desde 2004, é considerada culpada por setores da população de desencadear o surto de cólera, depois que soldados nepaleses contaminaram um rio com sedimentos fecais. O assunto, no entanto, permanece sob investigação.
Junto a estes problemas, o novo governante deverá liderar um processo muito mais amplo de reconstrução do país caribenho que inclui numerosos projetos encaminhados para levantar a empobrecida economia e melhorar infraestruturas e serviços públicos básicos como a educação e a saúde. A comunidade internacional observa com atenção a situação no Haiti e o desfecho do processo eleitoral para saber quem ficará a cargo de gerir a gestão da ajuda que deverá ser desembolsada nos próximos anos. O fluxo de ajuda foi paralisado no ano passado devido às denúncias de corrupção generalizada no governo.
Uma grande parte dessa ajuda é administrada pela Comissão Interina para a Reconstrução do Haiti (CIRH), copresidida pelo enviado especial da ONU para o Haiti, Bill Clinton, e pelo primeiro-ministro, Jean Max Bellerive, quem será sucedido por um novo chefe de governo. Em fevereiro, Bellerive calculou em US$ 1 bilhão o valor necessário para financiar projetos aprovados pela CIRH para os próximos oito meses.
A escolha de um novo presidente deverá encerrar a crise eleitoral aberta após o primeiro turno das eleições, quando o Conselho Eleitoral Provisório anunciou que Mirlande obteve 31,37% e o candidato governista, Jude Celestin, conseguiu 22,48%. O anúncio destes resultados, qualificados como fraudulentos pela maioria da oposição, desencadeou violentos protestos que deixaram quatro mortos, o que motivou uma revisão do processo por parte da Organização dos Estados Americanos (OEA). O organismo interamericano aconselhou a retirada de Celestin da disputa a favor de Martelly, o que foi finalmente aceito pelo conselho eleitoral, que concedeu a Mirlande 31,6% dos votos, ao cantor 22,2% e deixou o candidato governista, com 21,9 dos votos%, de fora do segundo turno. Quatro milhões de eleitores estão convocados para as eleições, nas quais também serão escolhidos sete dos 11 senadores que estavam previstos (os outros quatro obtiveram sua cadeira no primeiro turno) assim como 79 dos 99 deputados, já que 20 também estão definidos.
G1.
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