POLÊMICA NO PR: Jovem de Irati coloca amigo negro a venda no Mercado Livre.
Jovem poderá responder na justiça por racismo |
O estudante João Victor dos Reis Neto, 18 anos, que se sentiu lesado com o caso, comenta que a primeira postagem aconteceu na noite de domingo para segunda-feira, na rede ASK.fm, onde são enviadas perguntas aos usuários de forma anônima ou não. “Ele mandou uma pergunta com o link do Mercado Livre vendendo uma pessoa negra, na minha página. Eu respondi, achando desnecessário aquilo, e já uma pessoa perguntou se eu ia processar e eu respondi que não”, conta.
Na sequencia, o jovem compartilhou na sua página do Facebook o mesmo anúncio, comentando que era a ‘promoção do dia’, fato que acabou revoltando muitos usuários da rede. Na ‘propaganda’ o rapaz falava o seguinte: “Negro africano legítimo, único dono, bom estado de saúde”. Respondendo um comentário feito no post, ele ainda falou: “baratinhoo... to com a família inteira aki aushaushaus como este é o mais novo e tall... uns R$ 2,000”.
João Vitor relata que foi o post no Facebook que o impulsionou a buscar os seus direitos. Na segunda-feira (11), registrou o caso na Delegacia de Polícia Civil de Irati e procurou um advogado. “Com o anúncio de venda, eu entendi que ele quis dizer que negro é escravo”, desabafa.
O estudante diz que seus familiares e amigos próximos o chamam por apelidos como ‘nêgo’ ou preto, mas que ele não se importa, pois sabe que não é com conotação preconceituosa, mas sim por intimidade. “Eu gosto da minha cor, mas não da forma como ele falou”, menciona. João Victor, no último carnaval de rua de Irati fez apresentações como dançarino, e fala que pelo ASK.fm, tanto ele como um amigo, receberam diversos comentários anônimos pejorativos, como “vocês são pretos e não valem nada”.
Ele e o jovem que publicou o anúncio são colegas e participaram do Treinamento de Líderes Cristãos (TLC). O advogado do estudante, Saulo Henrique Boff, diz que estão entrando com procedimentos criminal e cível na justiça e que está analisando o caso como forma de racismo. “Estou fazendo isso porque muita gente sofre calada. Se eu ganhar o processo vou doar o dinheiro, fazer caridade. Não quero nada pra mim. Só não vou deixar passar em branco o que aconteceu”, afirma João Victor.
A reportagem da Folha também procurou o rapaz que fez as postagens. O jovem diz que foi na casa de seu colega e já pediu desculpas pelo que fez. “Pode ter sido de mau gosto, mas foi uma brincadeira. Em nenhum momento a intenção foi agredir ele”, explica.
O jovem diz que não há porque as pessoas o julgarem como racista por este fato. “Estão falando sem ao menos me conhecerem. Eu deletei a postagem, mas fizeram um print e começaram a me julgar”, diz. Ele também relata que deletou o seu Facebook depois desse fato porque muitas pessoas que estavam fazendo comentários o xingando eram seus amigos na rede social. “Refiz o meu perfil, mas agora tenho somente os que são os meus amigos de verdade”, comenta.
Folha de Irati.
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