REPÓRTERES SÃO PRESOS E FERIDOS DURANTE MANIFESTAÇÃO EM SP.
A ação da Polícia Militar durante a manifestação contra o aumento da passagem de coletivos na capital paulista vem dando o que falar.
Durante o protesto, muitos representantes da imprensa foram presos, ficaram feridos e foram atingidos por balas de borracha
A repórter da TV Folha Giuliana Vallone foi atingida no olho por uma bala de borracha quando cobria o quarto protesto contra o aumento de passagem na noite desta quinta-feira (13) no centro de São Paulo. Ela estava na rua Augusta quando foi ferida.
De acordo com a Folha de São Paulo, o repórter fotográfico Fábio Braga também foi atingido por dois disparos, sendo um no rosto e outro na virilha.
Ainda de acordo com a Folha de São Paulo, mais cinco jornalistas também foram atingidos na manifestação.
O comandante da Polícia Militar (PM) de São Paulo, Benedito Meira, disse nesta sexta-feira (14) que a bala de borracha que atingiu a repórter Giuliana Vallone, do jornal "Folha de S. Paulo", não foi disparada na direção da jornalista, e sim para o chão.
A jovem foi ferida no rosto durante a manifestação contra a alta da tarifa do transporte público, no Centro da capital paulista. O protesto ocorrido na quinta-feira (13) deixou feridos e mais de 200 detidos.
Desde que teve conhecimento das imagens da jornalista ferida, Meira disse ter solicitado que uma equipe fosse ao local onde o disparo teria sido efetuado. De acordo com o comandante, Giuliana informou inicialmente que o disparo havia sido feito por um PM da Rota, mas a tropa de elite da PM, segundo Meira, estava distribuída nas regiões de Higienópolis, Jardins e Moema no momento da ação, para combater roubos a restaurantes.
Repórter já consegue enxergar
Ainda em sua página na rede social, a jornalista contou detalhes sobre a avaliação médica pela qual passou. Na postagem, a jornalista informou que após exames clínicos nenhuma fratura ou dano neurológico foi constatado. Giuliana afirmou ainda que já consegue enxergar com o olho atingido. Ela passou a noite em observação no Hospital Sírio-Libanês.
O repórter Piero Locatelli, da revista CartaCapital, foi detido na tarde desta quinta-feira (13), na praça do Patriarca, região central de São Paulo, durante a cobertura das manifestações contra o aumento da passagem de ônibus na capital paulista. Segundo a revista, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo foi informada da prisão pela redação de CartaCapital e entrou em contato com o comando da Polícia Militar para obter mais informações sobre a prisão.
Um fotógrafo, que fazia a cobertura do protesto contra a alta da tarifa de transporte em São Paulo ontem no centro da capital paulista, também foi atingido por uma bala de borracha no olho e corre o risco de perder a visão.
Sérgio Silva trabalha para agência Futura Press e está internado no hospital Nove de Julho. De acordo com boletim médico, divulgado à familiares na madrugada dessa sexta-feira (14), suas chances de recuperação da visão do olho esquerdo são inferiores a 5%.
"Ele está sedado e estamos providenciando sua transferência para um centro médico especializado em oftalmologia", disse Kátia Passos, mulher do fotógrafo.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo divulgou nota de repúdio contra as agressões sofridas por profissionais pela Polícia MIlitar durante a cobertura do protesto contra o aumento das tarifas do transporte público na capital paulista. "Novas cenas de agressões aos jornalistas foram presenciadas no início da noite desta quinta-feira", diz o texto, citando o jornalista Pinheiro Locateli, da revista CartaCapital, e o fotógrafo do Terra Fernando Borges como "vítimas de violência policial".
A entidade também exigiu a libertação do jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, do Portal Aprendiz, "detido arbitrariamente durante os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público na noite de terça-feira" e solicitou às autoridades "garantia de integridade física e direito à liberdade de imprensa aos profissionais" que trabalham na cobertura jornalística das manifestações.
Prevendo novos conflitos, a direção do sindicato informou que enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado, ao Tribunal de Justiça de São Paulo, à Ouvidoria das Polícias de São Paulo, às corregedorias das polícias Civil e Militar, aos comandos da PM e Guarda Civil Metropolitana, ao Palácio dos Bandeirantes e à Assembleia Legislativa, entre outros, "exigindo providências contra as arbitrariedades ocorridas contra os jornalistas".
Leia o documento:
Tendo em vista que muitos jornalistas foram agredidos e detidos por autoridades policiais enquanto realizavam seu trabalho jornalístico, fato ocorrido na última manifestação e amplamente divulgado pela imprensa, solicitamos garantia à integridade física e o direito à Liberdade de Imprensa aos Jornalistas que cobrem o evento para que possam trabalhar sem o “risco” de serem detidos ilegalmente ou constrangidos no exercício da função de informar o cidadão sobre este acontecimento de importância pública relevante.
Conforme assegura a Constituição Federal, a Liberdade de Imprensa e o Direito à Informação são requisitos fundamentais da democracia e dos princípios republicanos que norteiam o Estado brasileiro e o trabalho do jornalista tem por objetivo cobrir e dar publicidade imparcial aos fatos ocorridos
Repórteres Sem Fronteiras critica 'repressão brutal' da PM em São Paulo
A "repressão brutal" de jornalistas nos recentes protestos em São Paulo contra o aumento das tarifas do transporte público representa, na avaliação da ONG Repórteres Sem Fronteiras, "um desvio repressivo perigoso" e também uma ameaça à liberdade de informação. A Polícia Militar reagiu às manifestação de quinta-feira no centro da capital paulista com bombas de efeito moral e balas de borracha. Vários jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos foram atingidos pelos disparos ou levaram golpes de cassetete; alguns deles chegaram a ser presos.
"Vamos pedir à Secretaria dos Direitos Humanos e às autoridades brasileiras para realizarem uma investigação sobre as violências cometidas", disse à BBC Brasil Benoît Hervieu, responsável pelas Américas da Repórteres Sem Fronteiras, com sede em Paris, acrescentando que as autoridades precisarão explicar como a polícia chegou ao ponto de "realizar uma repressão tão brutal".
Bahia Acontece, com informações e fotos ddo G1, Folha, Terra
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