A ministra não se manifestou oficialmente (Foto: Reuters) |
Cecile, cidadã italiana nascida na República Democrática do Congo, vem sendo alvo de discursos racistas desde que foi nomeada ministra da Integração em abril.
"Eu amo animais, ursos e lobos, como todos sabem, mas quando eu vejo fotos de Kyenge, eu não consigo deixar de pensar em, e não estou dizendo que ela é, um orangotango", disse Calderoli, vice-presidente do Senado, em discurso na cidade de Treviglio no sábado.
Calderoli disse ainda que o sucesso de Kyenge encorajou "imigrantes ilegais" a virem para a Itália e afirmou que ela deveria ser ministra "em seu país natal", de acordo com a imprensa local.
Nos últimos meses, a maioria dos insultos racistas, como "macaca do Congo", "Zulu" e "a negra anti-italiana", veio de membros de grupos da extrema-direita.
Em junho, um integrante da Liga Norte no parlamento europeu foi expulso do grupo eurocéptico Europa da Liberdade e da Democracia por comentários racistas a respeito de Kyenge.
Mario Borghezio atacou a ministra dizendo que ela queria impor "tradições tribais" na Itália como membro do governo "bonga bonga", um trocadilho com as chamadas festas "bunga bunga" promovidas pelo ex-premiê italiano Silvio Berlusconi.
O opositor Calderoli, duas vezes ministro durante os mandatos de Berlusconi, costuma ser agressivo em suas declarações.
Em 2006, ele se viu forçado a deixar o cargo de ministro depois de aparecer durante um evento do governo com uma camiseta portando um desenho ofensivo do profeta Maomé. No mesmo ano, depois que a Itália venceu a Copa do Mundo, ele fez comentários racistas sobre a seleção da França.
A Itália venceu o Mundial com atletas do país, ao passo que a França perdeu, disse Calderoli, por conta de seus jogadores "negros, muçulmanos e comunistas".
Neste domingo, vários políticos, incluindo alguns da própria Liga Norte, criticaram Calderoli duramente, com alguns até mesmo pedindo a renúncia dele como vice-presidente do Senado.
Em comunicado oficial e também pelo Twitter, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, disse que os comentários racistas são inaceitáveis.
"Foi muito além do limite. Toda solidariedade e apoio a Cecile. Que ela continue com o seu e o nosso trabalho", declarou Letta.
Kyenge tem feito campanha para que os imigrantes tenham mais facilidade para adquirir a cidadania italiana, e ela apoia uma lei que automaticamente torna italiano qualquer cidadão nascido em solo, o que não ocorre atualmente.
A ministra não se manifestou oficialmente, mas disse à agência AGI que Calderoli deveria refletir sobre sua função como membro do Senado.
AG REUTERS
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