EXCESSO DE CONFIANÇA OU DESRESPEITO ?
Não era apenas a série de dez defesas de cinturão consecutivas e 16 lutas sem perder desde que estreou no UFC que fazia de Anderson Silva o maior atleta da história do evento. Tirando raros momentos de rebeldia ou de pouca inspiração, como contra Thales Leite e Demian Maia, o Spider sempre se notabilizou por dar show.
Para Anderson, nunca foi apenas vencer. Ele sempre quis fazer suas esquivas, dançar ao melhor estilo Muhammad Ali, mexer suas mãos como Bruce Lee em seus filmes e não foram poucas as vezes em que tirou um golpe inacreditável da cartola, um chute frontal no queixo ou uma joelhada de malabarista.
Aos 38 anos e com um legado mais que firmado, não teria porque ele mudar esse seu estilo para enfrentar o jovem Chris Weidman no UFC 162. Mas o que se viu no último sábado foi um excesso de confiança nessa tática. Ele mais uma vez esquivou, brincou, provocou, mas de maneira mais contundente e por mais tempo.
Contra um adversário muito focado e bem preparado, ter passado do ponto custou muito caro. O norte-americano sabia o que teria pela frente e estava pronto para isso, tanto para não se irritar quanto para usar isso na hora do contra-ataque.
“As pessoas vão falar muito sobre isso, dizer que eu o subestimei, que o Chris deu sorte. Mas ele simplesmente foi melhor que eu e temos de aceitar isso”, disse o brasileiro. “Ele venceu essa luta e merece todas as glórias deste momento.”
O legado de Anderson Silva está mantido, ninguém vai tirar suas vitórias, os recordes que conquistou no UFC e que vai demorar muito tempo para alguém conseguir quebrar, ou o tempo que ficou como campeão do maior evento de MMA do mundo. Mas daqui para frente sempre haverá essa sombra, essa mancha – por menor que seja – de uma derrota que veio por excesso de confiança.
Sempre que era perguntado quem ele queria enfrentar, qual seria seu adversário perfeito, Anderson tinha uma resposta na ponta da língua: seu clone. Para o Spider, a luta perfeita dele com ele mesmo. Parece que finalmente ele teve seu pedido atendido, porque, em grande parte, ele perdeu para si próprio no último sábado.
UOL
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