Sindicato exige libertação de jornalista preso durante protesto em SP
Apesar de diplomado e ter testemunhas, delegado se mostra irredutível e o mantém preso como manifestante. |
A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) enviou nesta quarta-feira um ofício à Secretaria de Segurança Pública (SSP) em que exige a imediata libertação do jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, 27 anos, do Portal Aprendiz, preso na noite de terça-feira enquanto fazia reportagem sobre os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público. Segundo o sindicato, Pedro "foi detido arbitrariamente", em uma ação que fere o princípio da liberdade de imprensa, razão pela qual a secretaria deve esclarecimentos.
No ofício enviado, a entidade diz que a prisão arbitrária do jornalista fere a liberdade de imprensa. "Ele é inscrito junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTb) como jornalista profissional diplomado, trabalha para o Portal Aprendiz, que estava presente à manifestação contra o aumento da tarifa do transporte publico ocorrida em 11/06/2013, realizando trabalho de cunho jornalístico, conforme assegura o Decreto-Lei n° 972/69, que regulamenta a profissão. Desta forma, configura a prisão um atentado a 'liberdade de imprensa'", diz o texto.
Nogueira é uma das 11 pessoas que permanecem presas nesta quarta-feira. Ele foi indiciado pelos crimes de dano qualificado e formação de quadrilha, que é inafiançável, e está na 78ª Delegacia de Polícia (DP).
O SJSP também manifestou sua solidariedade aos familiares do jornalista detido e se colocou à disposição da advogada do profissional para qualquer eventualidade. Segundo a mãe de Pedro Nogueira, Beatriz, a defesa do jornalista ingressou com uma petição na tentativa de garantir, na Justiça, a liberação. "Estamos esperando uma decisão do juiz, porque (a prisão) é um engano, né. Estamos pedindo que ele seja liberado porque estava trabalhando. Não estava depredando nada", disse a mãe do jornalista.
Segundo Beatriz, o delegado do 78ª DP, Severino Pereira de Vasconcelos, se mostrou irredutível diante dos argumentos de que Pedro foi preso no exercício de sua profissão. "Eu estava no momento do depoimento. A advogada dele tentou pedir para que as testemunhas fossem ouvidas, ela tinha também uma declaração do pessoal que trabalha com ele, a chefe dele mesmo, declarando de próprio punho que ele era jornalista, mas o delegado disse que não iria ouvir. Ele tratou todo mundo junto como se ele fosse manifestante. Ele não é um manifestante, é um jornalista", afirmou.
Nesta quarta-feira, foi publicado no YouTube um vídeo que mostra o momento da prisão de Pedro. Após assistir às imagens, Beatriz criticou a truculência empregada pelos policiais na ação. "Quando eu vi (as imagens) ontem à noite, ele me mostrou as costas dele, estão marcadas. Ele apanhou, e o vídeo mostra exatamente duas cacetadas. Ele tem dois vergões vermelhos nas costas, e o rosto também está machucado", relatou.
A PM foi procurada pelo Terra, mas ainda não se manifestou sobre a prisão do jornalista.
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