Não há provas de que o carro da médica Kátia Vargas
Leal Pereira, 45 anos, tenha batido na motocicleta dos irmãos Emanuel,
21, e Emanuelle Gomes, 22, em Ondina, no dia 11 de outubro deste ano,
no acidente que matou os dois jovens. Esse é a linha de defesa que o
advogado criminalista Sérgio Habib irá apresentar hoje para convencer a
Justiça de que a oftalmologista não teve o intuito de matar, conforme
denúncia do Ministério Público Estadual (MPE).
Um dos argumentos da defesa é o laudo emitido pelo
Departamento de Polícia Técnica (DPT) e enviado à 7ª Delegacia (Rio
Vermelho) no último dia 21. Na conclusão do documento, os engenheiros e
peritos criminais Antônio José Góes Gil Ferreira e José Roberto Aragão
de Araújo atestam: “Não foi possível registrar o momento exato do
contato entre os veículos envolvidos devido à posição das câmeras,
distâncias destas ao local do fato e existência de obstáculos entre os
equipamentos de captura e o local do fato”.
Com base no documento, o advogado da médica chamou
a colisão de “suposição”. “A perícia do vídeo foi inconclusiva. Se
aconteceu realmente o que o MP está afirmando, não aparece nas imagens”,
afirmou. “Existem obstáculos, como árvores e um posto de iluminação
pública que impossibilitaram a visibilidade no momento do acidente, o
que faz com que a colisão seja uma suposição da polícia e do MP”.
Emanuel, 21, e Emanuelle, 22 anos, morreram no dia 11 de outubro
O laudo, de 18 páginas, analisa as gravações feitas
por câmeras da Secretaria da Segurança Pública (SSP). As filmagens
analisadas pelos peritos do instituto de criminalista compreendem a
faixa de horário entre 8h17m15s e 8h19m20s. Essas imagens são as mesmas
que foram exibidas pela imprensa.
Laudo conclui que não foi possível registrar momento da colisão
Velocidade
Questionado sobre o fato do carro da oftalmologista aparecer numa velocidade superior à da moto Yamaha ocupada pelos irmãos Emanuel e Emanuele, Habib argumentou que o vídeo divulgado pela imprensa está acelerado, por isso o veículo aparenta velocidade maior do que a real. “Pode ser que ela tenha acelerado, mas não com a intenção de matar, e sim para seguir o caminho dela”, afirmou.
Outro argumento que será utilizado por Habib na
defesa é que, das cinco testemunhas arroladas no processo, apenas uma
disse ter visto o Sorento atingindo violentamente a traseira da moto. O
criminalista, porém, pondera: “A moto não sofreu nenhum dano na parte
traseira. Sequer a placa e os faróis foram arranhados. A foto desmente o
que essa testemunha está dizendo”, declarou Habib exibindo a imagem da
moto tirada do pátio do DPT.
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“Estamos aguardando outros laudos que devem sair a
partir desta segunda-feira, como os exames nos veículos e da cena do
acidente”, disse Habib. Ainda segundo o criminalista, testemunhas de
defesa serão arroladas no processo. “Temos informações de que moradores
da região viram que não houve colisão, mas que até o momento estão
calados para não se expor”, declarou.
Processo
O criminalista Sérgio Habib classificou os trabalhos da Polícia Civil e do Ministério Público (MPE) como “temerosos”. “Como se concluiu um inquérito se não há prova de como aconteceu o acidente? Achei uma temeridade da polícia indiciar sem tomar conhecimento dos laudos e o MP de oferecer a denúncia sem que os demais laudos estejam no processo”, disse o advogado.
O criminalista Sérgio Habib classificou os trabalhos da Polícia Civil e do Ministério Público (MPE) como “temerosos”. “Como se concluiu um inquérito se não há prova de como aconteceu o acidente? Achei uma temeridade da polícia indiciar sem tomar conhecimento dos laudos e o MP de oferecer a denúncia sem que os demais laudos estejam no processo”, disse o advogado.
No dia 18 de outubro, a oftalmologista Kátia Vargas
foi indiciada por duplo homicídio triplamente qualificado – três dias
depois, a 7ª Delegacia (Rio Vermelho) recebeu o laudo das imagens das
câmeras. No dia 25, o MP ofereceu a denúncia.
Procurada pelo CORREIO, a delegada Jussara Souza,
titular da 7ª DP, disse que não comentaria o assunto. “O MP é o
responsável pelo caso agora”. O CORREIO procurou o promotor Cássio
Marcelo de Melo Santos, da 1ª Vara Criminal, mas a assessoria de
comunicação do MPE informou que ele também não falaria sobre o caso.
Familiares e amigos de irmãos mortos fizeram ato em frente ao Tribunal de Justiça contra a liberdade da médica nesta segunda-feira (4)
A reconstituição já foi deferida pelo Tribunal de
Justiça (TJ) e deve ocorrer em até 30 dias. Segundo Habib, a médica não
deve participar. “Ela ainda está muito abalada e está à base de
remédios”, disse.
Sérgio Habib assumiu o caso no último dia 31.
Anteriormente, a defesa de Kátia era feita pelo criminalista Vivaldo
Amaral, que na época anunciou que partiu dele a decisão de deixar o
caso. Segundo Habib, a decisão foi da família de Kátia. A médica
continua em tratamento na ala médica do Presídio Feminino, na Mata
Escura.
Correio
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