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Mas o argumento real faz jus ao tratamento romanceado. Aquele foi o maior roubo praticado por organizações de esquerda para financiar a luta armada contra a ditadura no Brasil na década de 60. Foram retirados de uma mansão carioca o cofre com parte da fortuna oculta de Adhemar de Barros, político populista que ganhou de seus desafetos a definição “rouba, mas faz”.

E a ‘parte’ dessa fortuna era US$ 2,6 milhões. Em valores de hoje, cerca de R$ 25 milhões. Era dinheiro de corrupção e Caixa 2 que, à época, não ia para paraísos fiscais: ficava malocado em locais de confiança. E toda esta dinheirama estava na casa da amante do ex-governador, a socialite Ana Capriglione, que recebera a alcunha de ‘Dr. Rui’ para não levantar suspeita.

Mas, hoje, com o recuo do tempo, nada mais chama tanto a atenção para esse roubo do que a participação da atual presidente do país, Dilma Rousseff, que, naquela época, era guerrilheira e integrante da VAR-Palmares.

Dilma
Mas Tom Cardoso se encarrega de colocar os pingos nos is sobre a participação de Dilma na trama mirabolante do assalto. A atual presidente não participou do planejamento, nem do assalto em si, como consta em sua ficha criminal, lavrada pelo Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna – Doi-Codi, a polícia de repressão da época. A atuação de Dilma foi na troca do dinheiro, em dólares, por cruzados novos.

Cardoso chega a essa história através do depoimento do ex-marido de Dilma, Carlos Araújo, que era um dos chefes da VAR-Palmares. Dilma se disfarçou de estrangeira para trocar US$ 1 mil em uma casa de câmbio localizada no Hotel Copacabana Palace, no Rio, uma das poucas que existiam na época da ditadura.

Ela ainda participou da troca de outros US$ 300 mil negociados com o banco Bradesco. O funcionário do banco propôs trocar todo o dinheiro: “Naquela época, os grandes bancos não tinham acesso a dólares. A moeda era comprada apenas pelo governo, então era interessante para o Bradesco comprar dólares”, disse Cardoso, em entrevista ao portal Terra. Mas, os guerrilheiros desconfiaram e resolveram trocar apenas uma parte, que hoje equivaleria a mais de R$ 1 milhão.

O assalto, porém, em vez de ser uma saída para os guerrilheiros, virou uma condenação. “O assalto, bem-sucedido, não resultou em dias melhores para a militância. Pelo contrário. Além da histórica incapacidade de lidar com qualquer forma de capital (...), os responsáveis pelo assalto ainda tiveram que lidar com uma maldição, que insistiu em acompanhá-los para além da aventura revolucionária”, escreveu Tom Cardoso, na introdução.

O livro já está com os direitos vendidos para Rodrigo Teixeira, produtor executivo de longas-metragens como O Cheiro do Ralo e O Casamento de Romeu e Julieta.

O Cofre do Dr. Rui – Como a Var-Palmares de Dilma Rousseff Realizou o Maior Assalto da Luta Armada
Autor:
Tom Cardoso
Editora: Civilização Brasileira
Preço: R$ 29,90 (160 págs)

CORREIO DA BAHIA.

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