Com um mês à frente do Ministério da Saúde, o ministro Arthur Chioro levou sua mulher, Roseli Regis dos Reis, para o Carnaval de três capitais utilizando avião da Força Aérea Brasileira.
O
ministro se deslocou de São Paulo para Recife, Salvador e Rio de
Janeiro nesta semana para participar de ações do ministério de
mobilização e promoção do uso da camisinha durante as festas.
O decreto 4.244/2002, que disciplina o uso de
aviões da FAB por autoridades, diz que os jatos podem ser requisitados
quando houver "motivo de segurança e emergência médica, em viagens a
serviço e deslocamentos para o local de residência permanente". O
decreto não diz quem pode ou não viajar acompanhando as autoridades.
Na
capital baiana, o casal foi ao badalado camarote Expresso 2222,
comandado pelo ex-ministro da Cultura Gilberto Gil e sua mulher, Flora
Gil. A assessoria da pasta diz que o Expresso 2222 foi parceiro do
ministério na campanha, "para a qual contribuiu com apoio à distribuição
de preservativos e veiculação de peças e depoimentos da campanha
publicitária".
O ministro
também passou no camarote do governador Jaques Wagner (PT). No Rio,
esteve no bloco Sargento Pimenta para participar de ação de prevenção a
Aids.
A assessoria de
Chioro afirma que a mulher do ministro o acompanhou nos compromissos
oficiais "sem qualquer custo adicional aos cofres públicos". Segundo a
pasta, os hotéis foram pagos com as diárias de R$ 2.541,88 recebidas
pelo ministro.
Além da
mulher, a comitiva oficial foi composta por assessores do gabinete do
ministro e do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais da pasta,
totalizando 11 pessoas, segundo a previsão de passageiros registrada
pelo site da FAB.
Na agenda
oficial do ministro, porém, Roseli não aparece entre os integrantes da
comitiva. No dia 1º, no trajeto de Recife para Salvador, a lista
registra quatro assessores e um fotógrafo. No dia seguinte, de Salvador
para o Rio, uma assessora e um fotógrafo. Não há agenda na página do
ministério para o dia de volta da comitiva, em 4 de março.
Quando
assumiu o ministério, Chioro teve que se afastar de sua empresa de
consultoria, que atuava na área de saúde e da qual ele era sócio-diretor
desde 1997. Cedeu suas ações para a mulher, que é agora a sócia
majoritária.
A carona a
familiares em jato oficial tem precedentes. No Carnaval de 2013, o
ministro Aldo Rebelo (Esporte) levou a mulher, o filho e assessores para
Cuba, onde ele teria compromissos oficiais. A Comissão de Ética Pública
arquivou o caso de Aldo sob o argumento de que a ida dos familiares não
gerou gastos a mais para o governo, já que o ministro iria para Cuba de
qualquer forma.
Mas a
Comissão propôs alterações em decreto que estabelece normas para
transporte de autoridades e de seus familiares na frota da FAB com o
objetivo de regulamentar o ressarcimento para casos como esse.
CORREIO
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