Quando um membro da família britânica, espanhola, japonesa ou de Mônaco desembarca em solo verde-amarelo, há um rebuliço midiático e dos súditos para conseguir tietá-lo.
Entretanto, há uma integrante da realeza entre nós, brasileiros, e que reside tranquilamente em um paraíso próximo ao quadradinho do Distrito Federal. É a princesa iraniana Sahar Farmanfarmaian. Caso pense que a alteza veio apenas passar uma temporada de sabática no país, ledo engano. A personalidade não só vive no Brasil, como construiu um palácio na Chapada dos Veadeiros, paradisíaco reduto goiano.
Como em um enredo de uma história de amor, Sahar se apaixonou à primeira vista — ou melhor, visita.
Ela conheceu as belezas de Alto Paraíso no Réveillon de 2001 após aceitar o convite de um casal de amigos. Mal sabia a princesa sobre a aventura e a reviravolta que estavam por vir. “Rapidamente senti uma forte ligação, era como se o lugar me chamasse”, disse a alteza para a jornalista Karen Gjermundrod do site Greenhouse.eco, dedicado a assuntos de sustentabilidade. A conversa ocorreu em 2021.
“Eu nunca tinha estado na América do Sul e não sabia nada sobre o Brasil. Eu vivi a maior parte da minha vida na Europa e na Índia”, relembra a idealizadora da Casa Talismana.
História
A princesa é descendente da dinastia Quajar do Irã, clã que esteve à frente do poder na Pérsia entre 1796 a 1925.
Antes de vir morar no Brasil de “mala e cuia”, Sahar buscava um lugar bem longe da terra-natal para se instalar. Ela cresceu na Suíça, chegou a morar na Índia e em Nova York, onde estava anteriormente da Chapada dos Veadeiros. Na Big Apple, a alteza atuava em um documentário a respeito do zoroastrismo (um elemento da antiga religião persa).
Fascinada pela Chapada dos Veadeiros, Sahar não hesitava em vir para o refúgio natural quando tinha chance. Feriados eram a oportunidade perfeita para o desembarque em solo verde-amarelo.
Em 2006, a princesa descobriu estar grávida: “Foi um acidente e uma bênção ao mesmo tempo”. Em um passeio por Nova York, ela tomou a decisão de residir no oásis brasileiro depois de um gesto inusitado.
“Sentindo-me perdida com uma criança na barriga, lembro-me de sair para o parque e abraçar uma grande árvore e perguntar: ‘O que eu faço agora?’. A resposta que obtive foi Alto Paraíso. O bebê me trouxe aqui”, rememora Sahar Farmanfarmaian.
A integrante da realeza do Irã ouviu o “chamado” e veio de vez para o Brasil. À época, ela já tinha comprado uma casa na Chapada dos Veadeiros, no “topo de uma colina exuberante”, conforme frisou a jornalista Karen.
“Comprei a propriedade e comecei a plantar. Tudo o que você vê aqui, eu plantei. Era apenas savana quando eu adquiri. Nunca pensei em me mudar para cá”, endossou.
Lar doce lar
Sahar construiu o palácio dos sonhos, batizada de Casa Talismana. O espaço traz inspirações do antigo lar da princesa no país de origem. “Sempre tive uma forte conexão com o Irã, minhas raízes e minha herança”, atestou a princesa.
A alteza cuidou de cada detalhe da decoração. Ela escolheu desde as cores das tintas e mobiliário até o tipo de madeira e luminárias utilizadas. “Todas as minhas orações foram ouvidas. Tanta coisa boa saiu disso”, exclama.
Durante o processo de planejar a residência, a princesa confessou ter se “empolgado”. A pintura é totalmente orgânica. Outros destaques são os painéis e coletores solares para aquecer a água. A propriedade dispõe de um templo colorido separado da casa e um estúdio de música no jardim. Sahar reservou um espaço, considerado um santuário, para deixar as cinzas de seu falecido pai.
“Sou muito grata por ter esta casa. Ficou um pouco grande, me empolguei um pouco, mas ficou lindo e já fizemos tantos eventos, workshops, detoxes, cerimônias e shows aqui”, esclareceu Sahar Farmafarmaian.
Chamado de Templo da Lua, o ambiente separado da casa é perfeito para a meditação, conforme enfatiza a princesa.
“Costumo vir aqui para escrever ou apenas estar perto da natureza”, defende.
Além dela, os seus convidados “adoram” a atmosfera do local. Sahar vive no refúgio com a herdeira, Lilaya, de 16 anos. Mãe e filha, volta e meia, recebem famosos na propriedade. Assim como as anfitriãs, os convidados ficam fascinados com o recanto natural.
“Sempre que vou a algum lugar e volto para minha casa em Alto Paraíso, percebo que esse lugar me cura. Eu me sinto abençoada”, afirmou Sahar aos risos.
A jornalista Karen Gjermundrod foi a primeira profissional da imprensa para quem Sahar abriu as portas da “propriedade sagrada”. No texto do artigo escrito ao Greenhouse.eco, a repórter definiu o santuário da princesa como “uma agradável mistura de bossa nova e sons ‘eletroxamânicos’ se misturam ao canto dos pássaros na varanda da casa de uma cidadã espiritual no mundo”.
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