"O dente é um órgão e a sua utilização sem a devida autorização é crime". O alerta é do professor e coordenador do Banco de Dentes Humanos (BDH) da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Júlio César Motta Pereira, ao afirmar que na cidade é comum o comércio de dentes para pesquisas, mas a pratica é ilegal.
"Tenho vários alunos que costumam adquirir dentes em clínicas e até em cemitérios. É crime, pois o dente só pode ser utilizado para estudo, pesquisa ou qualquer outro meio, desde que haja a autorização por escrito do paciente ou dono. Mas ressalto que estes dentes são para estudo e não para implantes", afirma.
Exigência - Motta Pereira afirma que este tipo de ilegalidade acontece porque alguns professores exigem que os seus alunos apresentem uma arcada dentária completa, ou seja, que eles providenciem os 32 dentes para que sejam estudados, sem se preocupar com o controle de origem deste tipo de material.
"Então, os alunos, por pressão acabam por recorrer a colegas que têm ou trabalham em clínicas e que costumam jogar os dentes fora. Ou até aos cemitérios, onde os coveiros costumam retirar os dentes para vender aos estudantes. Mas esta é uma prática em nível nacional e não só aqui em Feira de Santana", observa o professor.
Ele alerta que estes profissionais estão levando os alunos a cometer crime previsto na Lei 9.434, com pena de reclusão de 2 a 6 anos (ou 3 a 10 anos se em pessoa viva, caso obtenham ilegalmente órgãos humanos ou parte do corpo sem o devido consentimento legal por doação do seu próprio dono e/ou doação e confirmação por familiares habilitados). "Muitos desconhecem a lei".
A TARDE
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