No RS, prefeito telefona para médico ausente em postinho e vídeo viraliza


- "Você poderia me dizer qual é o motivo da sua ausência aqui na UBS [Unidade Básica de Saúde]? É o seu dia de plantão. Tem 16 pacientes na sua agenda e o senhor não está aqui atendendo", questiona Daniel Guerra (PRB), novo prefeito de Caxias do Sul, cidade da serra gaúcha. A ligação foi feita dentro de uma UBS, na última quinta-feira (2), para um médico, funcionário público, que não estava no trabalho.
O momento foi filmado e publicado na página da prefeitura no Facebook. Em menos de 24 horas, o vídeo teve mais de 123 mil visualizações, 4.879 compartilhamentos e 1.100 comentários, a maioria de apoio ao prefeito. "Seu salário está em dia. Então, que cumpra seu papel de servidor. Gostaria que o senhor ponderasse, em respeito à população", disse o prefeito ao médico, antes de desligar o telefone. "Fui respeitoso, mas muito firme", contou o prefeito à reportagem.
O motivo da ausência do funcionário é uma paralisação de três dias convocada pelo Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul. A nova gestão anunciou que os 342 médicos deveriam bater o ponto eletrônico a partir de 1º de março para comprovar o cumprimento da carga horária contratada. Os médicos discordam da medida e 85% deles aderiram à greve que se encerra nesta sexta-feira (3).
TOLERÂNCIA ZERO
O Ministério Público já havia orientado a prefeitura, na gestão passada, sobre a necessidade do ponto eletrônico para os médicos, instalados há anos. Em 2011, os médicos fizeram uma greve de oito meses. O prefeito se disse surpreso com a postura dos médicos porque nenhum deles é obrigado a trabalhar no setor público e atender pelo SUS. "É uma opção. A pessoa se inscreve no concurso. Pressupõe-se que ela lê o edital e por isso sabe a carga horária e o valor da remuneração", afirmou o prefeito. Além disso, a prefeitura considera a greve ilegal por dois motivos: não teria sido avisada com 72 horas de antecedência, como prevê a lei, e o sindicato que representa a categoria é o Sindiserv, dos servidores municipais. O sindicato dos médicos alega que notificou a prefeitura sobre a greve e que a Justiça considerou, em decisão anterior, que o órgão é o representante legal da categoria.

Folhapress

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