Se você conhece essas fases muito bem, não está sozinho. Cerca de 15% da população do planeta sofre de enxaqueca. No Brasil, são 25 milhões.
Homens e mulheres têm enxaqueca, mas ela é três vezes mais comum no sexo feminino. A explicação é a intensa variação hormonal que ocorre durante o ciclo menstrual.
Nesta semana, surgiu uma novidade. Ao analisar os dados de saúde de 36 mil mulheres que participam de um estudo americano que já dura décadas, os cientistas descobriram algo importante: a enxaqueca pode levar à depressão.
Essa é uma antiga suspeita, mas agora o epidemiologista Tobias Kurth, do Brigham and Women’s Hospital em Boston, conseguiu confirmá-la.
No início da pesquisa, nenhuma das voluntárias tinha sintomas de depressão. Mais de 6 mil mulheres sofriam de enxaqueca ou havia tido crises da doença no passado.
Depois de 14 anos de acompanhamento, mais de 3,9 mil mulheres haviam desenvolvido depressão. Os pesquisadores concluíram que o risco de depressão é cerca de 40% mais alto entre as mulheres que sofrem ou sofreram de enxaqueca.
A pesquisa demonstrou também que o risco de depressão é o mesmo no grupo de mulheres que têm enxaqueca com aura (distúrbios visuais que costuma preceder as crises) e entre as que não têm aura. O estudo completo será apresentado em abril durante a reunião anual da Academia Americana de Neurologia, em New Orleans.
“Esperamos que nossos resultados encorajem os médicos a conversar com as pacientes que têm enxaqueca sobre o risco de desenvolver depressão e as formas de evitá-la”, escreveu Kurth.
Ainda não se sabe com certeza por que a enxaqueca leva à depressão. É possível que as dores de cabeça frequentes comprometam de tal forma a qualidade de vida que a pessoa acaba deprimida. Alguns cientistas, porém, acreditam que existam razões biológicas (ainda não completamente desvendadas) por trás disso.
Infelizmente, a enxaqueca ainda não tem cura. Mas há maneiras simples e inteligentes que ajudam a evitar as crises. Saber que ela pode causar um problema ainda mais grave – a depressão – é mais uma razão para não descuidar da prevenção.
O que, de fato, funciona? Vamos a um pequeno guia. Ele serve para as mulheres e para os homens – com exceção, obviamente, das menções ao ciclo menstrual:
 Observe o que desencadeia as suas crises  
Vários fatores podem dispará-las: dormir pouco ou demais, viver estressado, consumir bebidas alcoólicas, estar no período menstrual, usar anticoncepcionais ou fazer reposição hormonal. Além disso, há os fatores genéticos. Quase sempre há vários casos de enxaqueca na mesma família. Faça uma lista de fatores desencadeantes suspeitos e converse com seu médico. Só ele poderá indicar a melhor estratégia de mudança de hábitos e os medicamentos mais adequados ao seu caso. Existem várias classes de drogas usadas no tratamento e recursos mais recentes, como a estimulação magnética transcraniana.

Descubra quais são os alimentos do bem e do mal
Algumas escolhas são péssimas para alguns pacientes e inofensivas para outros. Exemplos:
1) Queijo, iogurte, vinagre, nozes contêm tiramina. Ela leva à dilatação dos vasos sanguíneos e pode desencadear crises em algumas pessoas
2) Frutas cítricas, como laranja, limão e abacaxi. Também podem dilatar os vasos e levar às crises
3) Vinho tinto contém flavonóides, substâncias que costumam agravar as crises de enxaqueca. O álcool também piora as crises
4) Azeite extravirgem contém substâncias que inibem a atividade de enzimas envolvidas em inflamações. Costuma ser uma boa opção para quem sofre de enxaqueca
5) Salmão é rico em ácidos graxos, que ajudam a regular a transmissão de sinais das células cerebrais e têm ação antiinflamatória. Boa pedida.
6) Chocolate é fabricado com feniletilamina e cafeína. As duas substâncias podem fazer mal a quem sofre de enxaqueca
7) Alimentos diet e light não costumam ser uma boa escolha. Estudos revelam que o adoçante do tipo aspartame pode desencadear crises
Analise como lida com as emoções
Se é perfeccionista, hiperativo ou ansioso, pode vir a sofrer de enxaqueca. Procurar ajuda especializada para mudar esses padrões de comportamento pode ser de grande valia. É também uma forma de evitar problemas ainda mais graves, como a depressão e outros transtornos psiquiátricos.
Durma bem 
Ir para a cama cedo e no escuro total aumenta a produção do hormônio melatonina. Ele contribui para a manutenção dos níveis do hormônio serotonina, que está em desequilíbrio em quem tem enxaqueca 
Pratique atividade física 
 É a forma mais simples de liberar substâncias que produzem sensação de bem-estar e auxiliam no combate à dor. Mas atenção: nos momentos de crise evite qualquer esforço físico.
Em resumo, ainda não inventaram uma forma mágica de acabar com a enxaqueca. Muito menos um jeito simples e rápido de debelar a depressão. Mas pequenas mudanças de hábito podem ter um valor gigantesco na soma total de momentos de prazer e sem dor que fazem a vida valer a pena. Experimente.
(Cristiane Segatto ) ÉPOCA

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