Porta de entrada da Chapada Diamantina, a cidade baiana de Morro do Chapéu atrai geólogos com cânions e grutas do período pré-cambriano. Agora, o município de 36 mil habitantes se prepara para expandir o cultivo de uvas e tornar-se a nova fronteira para produção de vinhos no Nordeste.
Enquanto especialistas exaltam o potencial da região, o mercado é menos otimista e aponta a oferta reduzida de água como problema.
O plantio de uvas começou em 2010 a partir de uma parceria entre produtores, prefeitura, governo estadual e a União das Cooperativas da Região de Champanhe, na França, num investimento inicial de R$ 350 mil.
Foram colhidas três safras, numa área experimental de 1,5 hectare (pouco mais de uma quadra). Os resultados entusiasmaram enólogos e produtores, que já plantam para fins comerciais.
Morro do Chapéu, na Chapada Diamantina
"Podemos prever que os vinhos da chapada estarão entre os grandes vinhos do Brasil e do mundo", afirma Giuliano Pereira, pesquisador da Embrapa Semiárido e especialista em uvas.
As condições climáticas e de altitude são ideais para uvas de boa qualidade. No semiárido baiano, a região fica 1.200 m acima do mar e recebe duas vezes mais chuva que Petrolina e Juazeiro, principal polo vinícola do NE.
A temperatura média anual é 19°C, semelhante à da região de Bordeaux, com amplitude térmica diária de de 6°C a 32°C. A primeira colheita comercial deve ocorrer em dois anos. Na fazenda Progresso, uma das maiores da região, estão sendo plantados 14 hectares.
Falta ainda atrair vinícolas. A chapada deve focar vinícolas de pequeno e médio porte para produzir vinhos de qualidade, afirma o idealizador do projeto, Jairo Vaz.
A ideia não é concorrer com o vale do São Francisco, que produz 7 milhões de garrafas por ano, mas complementar a produção de lá.(Folha.uol.com.br)
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