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MEIO AMBIENTE: Nova espécie de Bromélia é descoberta na Chapada Diamantina




O periódico cientifico Phytotaxa publicou na quinta-feira, 6, um artigo sobre uma expedição realizada por pesquisadores botânicos nas áreas do Morro do Ouro e do Morro da Torre, na região da Chapada Diamantina, que encontrou uma nova espécie de bromélia, chamada Vriesea serraourensis. A expedição, realizada dentro do Programa Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (Pró-Espécies) do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), no âmbito Plano de Ação Territorial (PAT) Chapada Diamantina-Serra da Jiboia, coordenado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) em colaboração com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), além de outras entidades parceiras, que ao longo dos últimos cinco anos tem ajudado a proteger espécies ameaçadas na região

De acordo com Sara Alves, especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Inema e coordenadora do PAT, o Plano de Ação elaborada no ano de 2020 e reconhecida pelo Inema por meio da portaria nº 22.000 no Diário Oficial do Estado (DOE) tem como objetivo principal reduzir as ameaças sobre as espécies e ecossistemas que ocorrem no território de atuação do plano, que engloba 56 municípios, em uma área aproximada de 3,9 milhões de hectares. O plano visa proteger 27 espécies-alvo, sendo 24 espécies da flora e 3 da fauna, além de contemplar outras 339 espécies, denominadas espécies beneficiadas, que também estão ameaçadas de extinção e que estão localizadas dentro do território das espécies-alvo do plano.


Criticamente ameaçada



“Um dos objetivos do plano envolve o desenvolvimento da pesquisa cientifica, nós tínhamos como ações, mapear áreas onde pudéssemos fazer ações de conservação para as espécies-alvo, realizar pesquisas sobre a biologia, taxonomia, ecologia e o sustentável das espécies, e desenvolver pesquisas sobre os impactos de invasões biológicas no território. E a segunda ação desse objetivo era realizar as expedições científicas para encontrar essas 27 espécies-alvo, todas classificadas como Criticamente em Perigo”, explica a coordenadora.


Conforme informações presentes no artigo, a nova bromélia foi encontrada em janeiro de 2022 em áreas de campo rupestre, nas regiões de Morro do Ouro e Morro da Torre, que ficam na divisa entre os municípios de Barra da Estiva e Ituaçu. Ela cresce em solos rasos sobre rochas de quartzito e pode atingir de 160 a 220 cm de altura. Seu agrupamento de folhas é formado por 12 a 16 folhas, bem diferente de outras espécies similares encontradas na região. A planta apresenta folhas longas (de 45 a 55 cm) e uma conjunto de flores dispostas em um sistema de ramificação único, com ramos laterais formando ângulos de 30° a 45° com o eixo principal. Suas flores, que se abrem à noite (das 19h às 6h), exalam um cheiro semelhante ao de alho. O que, de acordo com os pesquisadores indica a possibilidade de a planta ser polinizadas por morcegos

O professor do programa de pós-graduação em Recursos Genéticos Vegetais da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e um dos autores do artigo, Everton Hilo, explica que o processo de descoberta da nova espécie de Bromélia começou como parte de uma atividade de coleta de espécies ameaçadas no contexto do PAT na parte superior da Morro do Ouro, em Barra da Estiva. “Inicialmente, não conseguimos identificar a espécie com precisão, limitando-nos a classificá-la no gênero Vriesea, embora houvesse suspeita de tratar-se de uma possível nova espécie para a ciência. Após um estudo aprofundado das espécies correlatas dentro do gênero, confirmamos que se tratava de uma espécie inédita. Após revisar a literatura e consultar herbários, conseguimos concluir a descrição da nova espécie, que batizamos com o nome do morro onde ela ocorre”, conta o especialista.


Apesar de ser uma descoberta animadora, o especialista alerta que a Vriesea serraourensis já é considerada uma espécie criticamente ameaçada de extinção, conforme analise realizada pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). A bromélia é encontrada em uma área muito pequena (menos de 4 km²) e sofre com ameaças constantes como incêndios, expansão agrícola, invasão de gramíneas exóticas e turismo desordenado. A descoberta reforça a importância dos projetos de pesquisa e conservação para identificar novas espécies e preservar a biodiversidade em ecossistemas frágeis. O trabalho conjunto entre pesquisadores, órgãos governamentais como a Sema e o Inema e a comunidade é essencial para manter a rica biodiversidade da Chapada Diamantina protegida e valorizada.



UOL 

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