Após mais de um mês de negociações por intermédio de um prefeito da região metropolitana de Porto Alegre, a Polícia Federal (PF) desarticulou, na manhã desta terça-feira, uma quadrilha de criminosos que prometia fraudar urnas eletrônicas nas eleições municipais de 2016. Como não houve indícios de que os criminosos realmente poderiam obter êxito na fraude, a investigação concluiu que as promessas de votos se tratavam de estelionato.
Batizada de Operação Clístenes, a ação cumpriu três mandados de prisão preventiva, sendo dois em Brasília, no Distrito Federal, e um em Xangri-lá, no Rio Grande do Sul. Durante a manhã, duas pessoas foram presas nos dois Estados. Um terceiro segue foragido no Distrito Federal.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira, o delegado Fernando Casarin, chefe da Delegacia de Defesa Institucional da PF, explicou que a denúncia partiu do prefeito de uma cidade gaúcha que não está se candidatando às eleições deste ano. Sua identidade é mantida em sigilo.
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O político havia sido procurado por uma empresa de Brasília, que possuía um "escritório" no Rio Grande do Sul e afirmava poder interferir no software das urnas eletrônicas para aumentar o número de votos computados.
Eles diziam que poderiam inserir um algoritmo ou alterar um código binário da programação da urna eletrônica, através de um contato com a empresa que fornece o software à Justiça Eleitoral. Para isso, pediam um pagamento de acordo com a arrecadação do município. Os valores variavam de local para local — detalhou o delegado.
Eles cobrariam até R$5 milhões para, supostamente, fraudar a eleição para prefeito e até R$ 600 mil para mudar votos para vereador. No decorrer das investigações, entretanto, os investigadores começaram a encontrar uma série de incongruências entre o que os criminosos prometiam e o que realmente poderiam fazer:
— Em primeiro lugar, eles diziam que poderiam fazer a alteração nas urnas por ter um contato na empresa que fornecia o software ao TRE, só que é a própria Justiça Eleitoral quem faz esse software — explicou Casarin.
A segunda prova de fraude levantada pela polícia foi o prazo estipulado pelos criminosos para realizar a alteração. Inicialmente, eles alegavam que precisariam do pagamento até um dia específico para fazerem a reprogramação no software antes de as urnas serem carregadas com os nomes dos candidatos.
— Entretanto, pedimos uma redução no valor, retiramos o prefeito da negociação, continuamos negociando e eles acabaram "esquecendo" deste prazo, como se fosse possível reprogramar depois do período antes estipulado.
Segundo o TRE-RS, não há como gerar um vírus para fraudar a eleição
O superintendente regional da Polícia Federal do Estado, Elton Roberto Manzke, reforçou durante a coletiva de imprensa que não há possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas e destacou a importância de a operação ter sido deflagrada no dia 13 de setembro, um dia antes de as urnas começarem a ser carregadas com os nomes dos candidatos:
— Eles jogavam com o nome da Justiça Eleitoral, e isso pode ser muito prejudicial. Foi um trabalho rápido e importante para proteger e demonstrar a segurança das eleições.
Segundo a Secretária de Tecnologia da Informação do TRE-RS, a urna eletrônica possui mecanismos de segurança que garantem que somente os programas gerados na cerimônia de lacração, única oportunidade em que a chave de assinatura oficial dos sistemas é utilizada, possam ser executados com status de aplicação oficial. Nessa oportunidade, os programas são inspecionados, fazendo que não haja como alguém gerar um programa malicioso para fraudar a eleição.
Outros candidatos podem ter sido enganados pela quadrilha
A PF agora verifica se a quadrilha ofereceu propostas a outros candidatos no país, e se algum teria aceitado a fraude:
— Temos várias medidas de cruzamentos de dados para ver se houve conversas, movimentações de dinheiro. Se algum outro político manteve contato com os criminosos. Ainda estamos levantando essas informações.
Casarin explica que o candidato que tenha negociado com a quadrilha pode sofrer também penalidades.
— A responsabilidade não se restringe apenas à esfera criminal. Como é candidato, está sujeito também a ter o registro cassado, candidatura impugnada, entre outros — concluiu.
Durante a ação desta terça-feira, foram cumpridos ainda três mandados de condução coercitiva em Xangri-lá e Canoas, no RS, e em Piripiri, no Piauí, além de cinco mandados de busca e apreensão, em Canoas, Xangri-lá, Goiânia, em Goiás, e dois em Brasília.
fraudar a eleição.
Outros candidatos podem ter sido enganados pela quadrilha
A PF agora verifica se a quadrilha ofereceu propostas a outros candidatos no país, e se algum teria aceitado a fraude:
— Temos várias medidas de cruzamentos de dados para ver se houve conversas, movimentações de dinheiro. Se algum outro político manteve contato com os criminosos. Ainda estamos levantando essas informações.
Casarin explica que o candidato que tenha negociado com a quadrilha pode sofrer também penalidades.
— A responsabilidade não se restringe apenas à esfera criminal. Como é candidato, está sujeito também a ter o registro cassado, candidatura impugnada, entre outros — concluiu.
Durante a ação desta terça-feira, foram cumpridos ainda três mandados de condução coercitiva em Xangri-lá e Canoas, no RS, e em Piripiri, no Piauí, além de cinco mandados de busca e apreensão, em Canoas, Xangri-lá, Goiânia, em Goiás, e dois em Brasília.
G1
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