04/10/2021 - Dialogar sobre o suicídio e trazer como informação na mídia não é sinônimo de sensacionalismo quando se publica dados relevantes das causas do autoextermínio, sendo este um sério problema de saúde pública. Um bom texto orientador e jornalístico, que venha de fato denunciar um problema, sem alarmismo, é aquele que retrate a situação com equilíbrio e bom senso, no qual venha sensibilizar a sociedade na perspectiva de trazer exemplos de como pode ser enfrentada esta situação tão delicada e dolorida apresentando ações realizadas no Brasil e no exterior pelo governo, igrejas, Ongs, entre outros.
Uma reportagem que alcance os objetivos supracitados revela-se com autenticidade a serviço da utilidade pública, relatando fatos que não agridam os sentimentos familiares e nem torne a vítima um objeto de especulações do ato tomado para não existir.
Quando nos referimos a morte ficamos temerosos sobre as circunstâncias e principalmente quando um indivíduo, jovem em idade reprodutiva e com tantos sonhos a realizar, decidi pela retirada da vida. Esta demanda, de fato, requer nossa atenção, mas sua prevenção e controle torna-se uma tarefa social e coletiva e não apenas dados estatísticos de morte por suicídio e o histórico do individuo apresentado em reportagem.
Deve-se buscar polarizar e introduzir, nos ganchos críticos e analíticos para reflexão coletiva de imprensa, elementos essenciais de programas de prevenção ao Suicídio e não apenas divulgar e massificar um ato de decisão impulsionada, muitas vezes por doenças de transtorno mental, entre outras características individuais do sujeito. Com essa finalidade de quantificação do ato ocorrido pelo sujeito, acaba-se, pejorativamente, prevaricando suposições da causa da morte e causando mais ansiedade e tristeza nos entes queridos que perderam seu familiar por suicídio.
Compreender o autoextermínio como um fato social traz uma repercussão sobre o assunto de forma mais complexa no qual irá demandar maior diagnóstico e melhor conceituação para referenciar a situação.
Diante disso, recai sobre os meios de vinculação de notícia a nobre tarefa de alargar o foco promovendo conexões importantes para entender o problema, de cunho de política de saúde pública, em uma visão mais ampliada, apesar da maioria dos casos serem associados a depressão- assim afirmam os psiquiatras. Deve-se buscar investigar mais afinco o contexto socioeconomicocultural, as especificidades do século atual e alguma questão de hereditariedade de doenças psíquicas.
Por fim, no momento que as questões supracitadas forem entendidas como relevantes para divulgação, justificará uma cobertura responsável e proporcionará a sociedade argumentos de procurar e cobrar soluções, identificando dispositivos e órgãos responsáveis pelo cuidado de adolescentes, jovens e adultos que tenham ideação suicida.
Linda Regina: Psicanalista Clínica
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