No início do mês, a ex-número 1 do ranking mundial de duplas no tênis, e uma das maiores atletas da China, Peng Shuai, 35, acusou de estupro Zhang Gaoli, 75, ex-vice-premiê entre 2013 e 2018 e à época integrante do Comitê Permanente do Politburo, que representa a cúpula do Partido Comunista. A revelação foi publicada na rede social chinesa Weibo e removida cerca de 30 minutos depois.
Mesmo deletada, a publicação ganhou notoriedade. Segundo agências de notícias, no Weibo, a hashtag com o nome de Peng atingiu mais de 20 milhões de visualizações, Segundo ela, Gaoli a coagiu a fazer sexo e, depois, manteve com ela uma relação consensual intermitente. Na ocasião, a tenista disse não ter provas para as suas acusações.
Desde então, Peng Shuai não foi mais vista publicamente nem nas redes sociais, o que gerou preocupações em outros atletas. "Recentemente fui informada sobre uma colega jogadora de tênis que desapareceu pouco depois de revelar que havia sido abusada sexualmente", escreveu Naomi Osaka, quatro vezes campeã do Grand Slam.
A censura nunca é aceitável, espero que Peng Shuai e sua família estejam bem. Estou em choque com a situação atual e estou enviando amor e luz para ela", prossegiu, usando a hasthag #whereispengshuai (onde está Peng Shuai em inglês).
Também aderiram à campanha a francesa Alzé Cornet e a ex-jogadora estadunidense Chris Evert. "Conheço Peng desde que ela tinha 14 anos, todos deveríamos estar preocupados. Onde ela está? Está a salvo? Toda informação é bem-vinda", clamou esta.
Com a pressão crescente, a Associação Feminina de Tênis (AWT) afirmou ao nornal The New York Times que recebeu informações de que Peng estaria segura e livre. Segundo a BBC, o chefe-executivo da AWT enviou às autoridades chinesas pedido para que o caso seja investigado.
"Parabenizamos a incrível coragem de Peng Shuai. Mulheres de todo o mundo estão encontrando sua voz para que injustiças sejam corrigidas", disse o dirigente da organização, Steve Simon. Segundo ele, a tenista estaria ainda na China, mas não foi possível, até o momento, fazer contato direto com ela.
Número 1 do tênis mundial, Novak Djokovi também se somou à campanha: "Não sei muito sobre o assunto, escutei algumas coisas já faz uma semana e honestamente é surpreendente que ela tenha desaparecido", escreveu. O francês Nicholas Mahut também foi à público dizer que "estamos todos preocupados".
O caso é um dos mais notótios desde que o movimento MeToo chegou à China, em 2018, quando uma estudante universitária acusou um professor de assédio.
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