O desmatamento no cerrado em novembro chegou a 571,6 km², mais do que o triplo do registrado no mesmo período do ano passado (168,8 km²). O aumento percentual, de 238%, foi o pior para um mês desde o início da série histórica do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Na amazônia, por sua vez, a área com alertas de desmate foi de 201,1 km², queda de 68% na comparação com novembro de 2022. O índice é o melhor para o mês desde 2015, quando começaram os registros.
Somada, a área perdida nos dois biomas foi de 772,7 km², o que equivale a metade da cidade de São Paulo (1.521 km²).
O Deter mapeia e emite alertas de desmate com o objetivo de orientar ações do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e outros órgãos de fiscalização. Os resultados representam um alerta precoce, mas não são o dado fechado do desmatamento.
Na última semana, foram divulgados os dados para o bioma de outro programa do Inpe, o Prodes, que são anuais e considerados os números oficiais do desmatamento no país.
De acordo com o Prodes, de agosto de 2022 a julho de 2023, o cerrado perdeu 11.011,6 km² de vegetação nativa, alta de 3% na comparação com o período anterior.
Apesar do leve aumento, a taxa, que vinha crescendo desde 2019, desacelerou.
Na ocasião da divulgação dos resultados, às vésperas da COP28, a conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas), o governo federal também lançou o novo PPCerrado (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado).
O objetivo da estratégia é zerar o desmatamento até 2030, década crucial para frear o aquecimento do planeta, conforme o Acordo de Paris.
O desmate é a principal fonte das emissões de gases estufa do Brasil. Segundo o Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), elaborado pelo Observatório do Clima, o setor de mudança de uso da terra (basicamente, desmatamento) representou 48% das emissões brutas brasileiras em 2022, ou 1,12 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente.
Deste total, 75% veio do desmate na amazônia -que tem áreas maiores devastadas e libera mais carbono devido ao tipo de formação florestal. Na sequência vem o cerrado, com 14%.
Vale destacar que, após o período de seca, que facilita o desmate, a volta das chuvas tanto para o cerrado como para a amazônia dificulta a captura das imagens do Deter, que são colhidas por satélite. Em novembro, a cobertura de nuvens ficou em cerca de 22% em ambos os biomas.
O estado que liderou o desmatamento no cerrado no mês passado foi o Tocantins, com 115,7 km² de vegetação perdidos, seguido de Maranhão, com 113,8 km², e Minas Gerais, com 89,2 km².
A maior parte do desmate (55%) no bioma no período se concentrou na região conhecida como Matopiba, que inclui, além de Maranhão e Tocantins, o Piauí e a Bahia. A área perdeu 315,7 km² no período.
Folha de Brasilia
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