O índice de Capital Humano é responsável por avaliar o nível educacional da mão de obra, indicadores de inserção no mercado de trabalho e impactos da produtividade na economia. Assim define o Centro de Liderança Pública (CLP), que indicou que a Bahia é o estado com o pior índice de Capital Humano do país.
Para avaliar o pilar de Capital Humano, um dos 10 do levantamento do CLP, foram considerados indicadores dos trabalhadores e a relação com a produtividade, além dos custos com mão de obra. Os salários foram avaliados tendo em vista a relação que possuem com o nível de qualificação, produtividade e bem-estar social de cada unidade federativa do Brasil.
Os indicadores de Formalidade do Mercado de Trabalho, Inserção Econômica e Inserção Econômica dos Jovens, que antes integravam o pilar de Sustentabilidade Social, passaram a integrar o pilar do Capital Humano. Também foram adicionados os indicadores de Subocupação por Insuficiência de Horas Trabalhadas e Desocupação de Longo Prazo.
Para o consultor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Guilherme Dietze, a posição da Bahia no ranking, infelizmente, não é surpreendente. “Por causa dos índices negativos de empregabilidade da Bahia, alguns fatores contribuem para essa posição, como a renda baixa e um número alto de pessoas trabalhando na informalidade. Há, também, uma dependência muito forte sobre os programas de transferência de renda, sobretudo do Bolsa Família”, diz.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia sempre esteve entre os cinco com piores índices de empregabilidade do país de 2012 a 2022 – os dados de 2023 ainda não foram divulgados. Nos últimos 10 anos, o estado baiano liderou a lista negativa em quatro situações: 2015, 2016, 2020 e 2022.
A supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros, explica que esse índice de desocupação é resultado de uma combinação de fatores: desde uma dinâmica econômica que não gera postos de trabalho a configuração de setores empregadores suficiente para a alta demanda.
"Os setores econômicos não são grandes empregadores e número de vagas que não atende à demanda. Para atender o número de pessoas aptas a trabalhar no estado, os setores que empregam deveriam gerar mais vagas", afirma.
A dependência de programas como o Bolsa Família acaba sendo mais forte nas regiões do Oeste e do interior do estado, o que limita a produtividade das empresas e a formação das pessoas, de acordo com Dietze: “Algumas pessoas acabam querendo permanecer com o benefício e não buscam uma saída. Isso faz com que a região não avance. Mas não é um problema só da Bahia, a situação também é delicada no Maranhão, por exemplo", afirma.
No entanto, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas-BA), Paulo Motta, acredita que a Bahia continua tendo piores índices por falta de políticas públicas para trazer condição de melhor qualidade de educação para que o seu povo tenha condições de competitividade.
“O que fica claro nesse relatório é que os estados do Sul do país e do Oeste, como o Mato Grosso, possuem uma política de valorização do ser humano muito mais agressiva e positiva de que o Nordeste. O pilar da educação ainda está muito distante de atender as necessidades do povo baiano. Para nós, empresários do comércio, é fundamental termos trabalhadores qualificados com condição de prestar um bom serviço à sociedade”, relatou Paulo Motta.
Para Ricardo Kawabe, gerente do Observatório de Indústria da FIEB, a Bahia poderia se posicionar melhor no ranking caso seja feito um trabalho de longo prazo em busca de melhorias focadas nos indicadores de cada pilar.
“No quesito capital humano, fizemos simulações em indicadores como o de ‘Inserção Econômica de Jovens’, que mensura os jovens que nem estudam e nem trabalham. Com uma melhoria de 20% nesse indicador, por meio de políticas de atração/retenção de jovens nas escolas públicas e políticas de estímulo ao primeiro emprego, a Bahia avançaria uma posição no ranking, atuando em apenas um indicador de um total de 99”, explicou o gerente.
Correio*Com orientação da subeditora de reportagem Monique Lôbo
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