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Ministério Público da Bahia pede bloqueio de bens de apresentador envolvido em 'escândalo do Pix'

 



 Ministério Público da Bahia solicitou nesta quinta-feira (22) o bloqueio de bens do apresentador Marcelo Castro, atualmente na TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia; e de Jamerson Oliveira, editor-chefe de seu programa. O motivo é o "escândalo do Pix", que desviou cerca de R$ 500 mil de doações para pessoas necessitadas.

O caso ocorreu entre 2022 e 2023, segundo documentos obtidos pelo F5, quando Marcelo e Jamerson ainda faziam parte do Balanço Geral BA, exibido pela Record na hora do almoço. A MP-BA solicitou o bloqueio para que o dinheiro seja usado para ressarcir quem foi prejudicado com os desvios.

A defesa dos acusados diz que eles não irão se pronunciar no momento. Eles vão responder pelas acusações de formação de organização criminosa e apropriação irregular, segundo pediu a Justiça baiana. As investigações identificaram a atuação do grupo entre 2022 e 2023, por um ano e cinco meses.

O Ministério Público também retirou o sigilo do processo, que agora corre na Tribunal de Justiça da Bahia, ainda sem data para julgamento. O Ministério Público da Bahia afirma que Castro, Jamerson e outras 10 pessoas indiciadas movimentaram mais de R$ 1 milhão no período.



Desses, cerca de R$ 500 mil ficaram na posse dos dois. O bloqueio de bens foi pedido para tentar recuperar o valor doado de boa-fé. Ainda não há uma previsão de quando o caso será apreciado judicialmente. Não houve pedido de prisão neste momento, mas as penas podem variar entre 8 e 21 anos de prisão.


Os órgãos oficiais afirmam que a "o grupo, de forma consciente e devidamente ajustada", se uniu para cometer crimes contra pessoas em estado de vulnerabilidade social e que precisavam de ajuda para resolver problemas graves de saúde ou de falta de estrutura.

por meio de chaves Pix exibidas na tela do programa da Record.


Após cada programa, os valores arrecadados eram distribuídos a partir das contas que recepcionavam as doações, por seus respectivos titulares, e conforme as orientações dos líderes do grupo, que ficavam com a maior parte do dinheiro.


Ainda de acordo com as investigações, os denunciados, para ocultar a origem ilícita dos valores apropriados das doações que se destinavam às vítimas, realizaram diversas movimentações fragmentadas e atípicas, as quais configuram o crime de lavagem e ocultação de valores.


Em apenas um dos casos exibidos no programa foi arrecadado com as doações um total de R$ 64,1 mil, sendo que os integrantes do grupo criminoso se apropriaram, segundo o Ministério Público, de R$ 57,5 mil, e repassaram àqueles que tiveram seu drama exposto na TV o valor de R$ 6,5 mil.


O suposto esquema foi descoberto em março de 2023, após o jogador de futebol baiano Anderson Talisca, atualmente no Al-Nassr, decidir fazer uma doação de R$ 70 mil após assistir uma reportagem. O dinheiro seria doado para a família do menino Guilherme, de 1 ano, que fazia um tratamento de câncer e precisava de dinheiro para comprar um medicamento para tratamento dos tumores.


Em contato com Marcelo Castro, contudo, um assessor do jogador constatou que o número do Pix repassado para doação –que pertencia a uma pessoa da família da criança– não era o mesmo que apareceu na televisão durante a exibição da reportagem.


O caso acendeu o alerta da emissora, que instaurou um procedimento interno e protocolou uma notícia-crime para que o caso fosse investigado pela polícia. Dias depois, com apoio dos apresentadores do programa, José Eduardo Bocão e Jessica Smetak, a Record Bahia demitiu Marcelo Castro e Jamerson Oliveira. A criança mostrada na reportagem morreu semanas depois da exibição do programa.


Após a demissão, Marcelo Castro e Jamerson Oliveira criaram o site Alô Juca, que virou sucesso nas redes sociais. Com o êxito, foram contratados pela TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, para produzirem um programa policial na hora do almoço.


A atração dobrou os índices de audiência e já chegou a picos de 11 pontos na Grande Salvador, vencendo Globo e Record por alguns momentos. Cada ponto de Ibope equivale a 86 mil telespectadores na capital baiana



Folha Uol

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