Durante sua tentativa de calar todas as vozes contrárias, Nicolás Maduro instruiu nesta quinta-feira que fossem levados os “recibos” da rede social para as autoridades do país caribenho.
“A rede social X, e Elon Musk, dono do X, violou todas as normas da própria rede social, incitando o ódio, o fascismo, a guerra civil, a morte e o enfrentamento entre venezuelanos. E aqui se respeita a lei. Por isso foi assinada uma proposta feita pela Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações), que decidiu retirar a rede social X durante 10 dias. Fora X da Venezuela por 10 dias”, disse Maduro.
Elon Musk e Maduro em troca de acusações após eleições na Venezuela
Desde as eleições venezuelanas em 28 de julho, o ditador venezuelano e Elon Musk têm se acusado mutuamente. Maduro alegou que o bilionário estaria envolvido no alegado ataque hacker ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) no dia da eleição. Musk, por sua vez, tem feito acusações a Maduro em suas postagens na rede social.
Em 30 de julho, Maduro utilizou o X para questionar se Elon Musk estava buscando conflito. No dia subsequente, o bilionário respondeu com um “aceito” em sua conta na rede social. Musk, proprietário do X, ainda fez um comentário em outra postagem relacionada ao tema: “He will chicken out” (ou “Ele vai amarelar”, na tradução para o português).
“[Ele] quer controlar o mundo, já controla a Argentina (…) Você quer briga, Elon Musk? Estou pronto, sou filho de (Simón) Bolívar e (Hugo) Chávez, não tenho medo de você”, disse Maduro, na semana passada, segundo a agência France-Presse.
Durante esta semana Maduro disse que Instagram, TikTok e WhatsApp estariam por trás de tentativas de desestabilizar a Venezuela.
“Acuso o TikTok e acuso o Instagram de responsabilidade na instalação do ódio para dividir os venezuelanos, para buscar uma matança e uma divisão da Venezuela. Para trazer o fascismo à Venezuela. Golpe de Estado ciberfacista e criminal”, discursou o tirano.
Maduro também publicou um vídeo no qual aparece apagando o WhatsApp do seu celular. Ele alegou que o aplicativo estaria sendo usado para o planejamento de ataques contra as forças de segurança venezuelanas.
“O WhatsApp deu a lista [de usuários do app] da Venezuela aos terroristas [manifestantes] para que pudessem atacá-los, atacam os oficiais e a família militar do país, a Polícia Nacional Bolivariana [PNB], atacam toda a institucionalidade do país, todos os cinco poderes estão sob ataque do WhatsApp”, afirmou o ditador. As redes sociais citadas por Maduro não se pronunciaram sobre as acusações.
Órgãos de imprensa independentes da Venezuela já especulam que o país pode se juntar em breve ao clube das ditaduras que restringiram ou proibiram totalmente grandes redes sociais, como Rússia, China e Irã, parceiros de Maduro.
Um relatório recente do think tank americano Atlantic Council, publicado antes da eleição de 28 de julho na Venezuela, indicou algumas razões para o ódio do ditador pelas redes sociais.
Num país em que a imprensa independente é censurada, muitos jornalistas têm recorrido exclusivamente a essas plataformas para publicar conteúdos críticos ao regime chavista.
France Express
Nenhum comentário:
Postar um comentário