01/10/14- O padre Marcelo Rossi foi monitorado de perto pelo
Vaticano durante quase 10 anos, segundo revelou nesta terça-feira (30)
reportagem do UOL. No período, as ações, discos, livros, missas e até
aparições na TV do padre eram seguidos de perto, em uma investigação
feita a partir de uma denúncia.
A denúncia foi feita por um religioso brasileiro que
acusou o padre de incentivar um culto ao personalismo e de desvios das
práticas católicas por transformar a missa em "circo". A Congregação
para a Doutrina da Fé, liderada pelo então cardeal Josph Ratzinger, que
depois se tornou o papa Bento XVI, comandava a investigação. O nome é a
nova maneira que o Vaticano se refere à Inquisição - a Cogregatio foi
responsável pela morte de milhares de pessoas entre os séculos XII e
XIX.
A Congregação recebia vídeos com as participações do padre em programas de TV como o "Domingão do Faustão".
O padre Marcelo Rossi e seu superior, o bispo Dom
Fernando, estiveram perto de serem chamados ao Vaticano para prestar
contas no final de 2004. Ele teria as atividades suspensas, assim como a
publicação e lançamento de livros e CDs por pressão do denunciante, que
não teve a identidade revelada. Caso isso acontecesse, o padre não
poderia mais celebrar missas, fazer comunhão ou ouvir confissões.
A punição acabou não acontecendo por conta da morte
do papa João Paulo II, em abril de 2005, quando a atividade da
Congregação foi interrompida com a eleição do seu "prefeito", Ratzinger,
como novo papa.
A assessoria do padre disse desconhecer a
investigação e que, se de fato aconteceu, "trata-se de um fato do
passado". O Vaticano, através de sua embaixada no Brasil, não quis se
manifestar sobre o assunto.
Visita do papa
Quando Bento XVI veio ao Brasil em 2007, o padre Marcelo tentou se encontrar com ele, mas foi impedido. Segundo o Uol, a ação partiu de funcionários da Congregação que estavam presentes na comitiva do papa.
Quando Bento XVI veio ao Brasil em 2007, o padre Marcelo tentou se encontrar com ele, mas foi impedido. Segundo o Uol, a ação partiu de funcionários da Congregação que estavam presentes na comitiva do papa.
Para eles, não ficaria bem o papa receber um padre
"sob investigação". Bento XVI concordou e não recebeu Marcelo Rossi no
mosteiro de São Bento - o padre, ansioso, aguardava pelo encontro desde a
madrugada e não havia dormido direito esperando o encontro. Em
entrevista à Veja, o padre afirmou que foi barrado pela comitiva do
papa, mas não sabia que isso aconteceu por conta da investigação.
A investigação foi concluída em 2009, quando ele foi considerado inocente das acusações.
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