MPF vê 'prova robusta' de fraudes e indícios de que Witzel sabia de desvio de 1 Bi na saúde no Rio

Foto: (ANDRE MELO ANDRADE/MYPHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)


Os mandados de busca e apreensão que geraram a operação em endereços ligados ao governador Wilson Witzel (PSC) na manhã desta terça-feira (26) foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça depois do depoimento do ex-subsecretário estadual de Saúde, Gabriell Neves.

O Ministério Público Federal (MPF) afirma, no pedido de busca e apreensão da Operação Placebo, contra o governador Wilson Witzel (PSC) e outros alvos, que há "provável envolvimento da cúpula do Poder Executivo fluminense" em supostos desvios na área da saúde.

Os investigadores dizem que há "prova robusta de fraudes" e indícios da participação ativa de Witzel nos contratos suspeitos com os hospitais de campanha para combater a Covid-19.

As informações constam na decisão do STJ que autorizou a ação, assinada pelo ministro Benedito Gonçalves. A busca ocorreu no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, na casa onde ele morava no Grajaú e também contra a primeira-dama Helena Witzel, entre outros endereços. Aparelhos celulares e computadores foram apreendidos.

A operação tem como um dos alvos a organização social (OS) Iabas, responsável pela construção dos hospitais de campanha -- que ainda não foram entregues -- ao custo de R$ 835 milhões.

Gabriell foi preso na Operação Mercadores do Caos, do MP do RJ e da Polícia Civil fluminense, que investiga suposta fraude na compra de respiradores pelo governo.

O ex-subsecretário ouvido por promotores, que encaminharam a documentação para o Superior Tribunal de Justiça.

'01 do Palácio'



Os contratos do governo Witzel na pandemia somariam mais de R$ 1 bilhão, entre a montagem de hospitais de campanha e aquisições de respiradores, máscaras e testes rápidos.

" A TV Globo apurou que, em uma das conversas interceptadas pela Polícia Federal, investigados afirmaram que teriam que negociar com o “01 do Palácio” -- uma possível referência ao governador Wilson Witzel."

Os investigadores buscam provas de que o governador saberia do esquema do operador Mário Peixoto, preso pela Lava Jato no dia 14 de maio, suspeito de fraudes relacionadas a hospitais de campanha.

Mário Peixoto seria sócio oculto de várias empresas que possuem contratos com o governo do RJ. Uma delas é a Átrio Rio, envolvida em denúncias relacionada a contratos emergenciais.



O que disse Witzel
"Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal.

Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará.

A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada.

Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos.

Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro"

O que diz Mário Peixoto
“Não existe relação ilícita entre Mario Peixoto e o Governador Wilson Witzel. Qualquer acusação neste sentido é absolutamente descabida e irreal. Questões políticas não se misturam com questões jurídicas. Investigações policiais devem ter como norte a imparcialidade. Nenhuma empresa vinculada a Mario Peixoto contratou com o Governo do Estado, na área de saúde, durante a epidemia de Covid-19. Mário Peixoto não possui nenhuma relação com o IABAS. Alessandro Duarte é consultor da empresa Atrio, da qual Mario Peixoto já foi sócio (não é mais). No entanto, Alessandro possui empresas próprias, com atividades próprias, sem vinculação alguma com Mario Peixoto. Mario e o advogado Lucas Tristão são amigos, sendo que o escritório de Tristão já prestou serviços jurídicos à empresa ligada à família de Peixoto”.


A Operação Placebo
Os agentes estiveram em endereços relacionados ao governador Wilson Witzel, a primeira-dama Helena Witzel, a Gabriell Neves e ao ex-secretário de Saúde Edmar Santos.

Os agentes da Polícia Federal passaram cerca de três horas no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro. Eles saíram levando malotes.

Os policiais também estiveram na sede da organização social Iabas, em São Paulo, e no escritório da empresa no Centro do Rio. A empresa é a responsável pela construção de sete hospitais de campanha. Os contratos são de R$ 836 milhões, sendo R$ 256 milhões já foram pagos.

Dos sete, apenas o hospital de campanha do Maracanã, na Zona Norte do Rio, foi concluído.

G1

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