A agropecuária brasileira deve ser a principal engrenagem da economia do país em 2022. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), coordenado pela professora Silvia Matos, projeta que o agronegócio do Brasil deve crescer 5% até o final deste ano.
A boa expectativa para o segmento está atrelada à melhora do cenário hídrico em comparação ao ano passado, quando o Brasil teve a pior crise hídrica e energética dos últimos 91 anos.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios do subsistema Sudeste e Centro-Oeste, que representam 70% de toda a geração de energia do país, registraram apenas 16% de sua capacidade em setembro, auge da seca. Para o pleno funcionamento, o ONS aponta que é necessário um volume aproximado de 80%.
“Esse ano a perspectiva é que a questão hídrica aqui no Brasil não atrapalhe tanto como aconteceu em 2021. O setor infelizmente sofreu muito naquele período com a escassez de chuva. Mas agora o cenário é positivo e precisamos enfatizar que, quando esse setor cresce, ele beneficia muitos outros de forma direta e indireta, como o transporte que desloca os produtos dentro do país”, disse a economista da FGV Silvia Matos.
Apesar da boa recuperação da agropecuária, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer menos de 1% em 2022. Setores relevantes para a economia do país, como indústria e construção civil devem registrar resultado modesto neste ano, segundo a pesquisa da FGV.
De acordo com o levantamento, o principal motivo para esse encolhimento é a interrupção da cadeia produtiva por conta da Covid-19 e da falta de insumos.
Um levantamento da Safras & Mercado, consultoria especializada em agronegócio, aponta que o setor agropecuário é responsável, em média, por 20% do PIB.
O especialista da consultoria, Luiz Fernando Gutierrez Roque, afirma que a produção de soja é o negócio mais lucrativo para a agropecuária brasileira. Ele explicou à CNN os motivos que fizeram com que o insumo não fosse atingido pela crise hídrica.
“A soja é o principal negócio do agro. O grão teve uma exportação recorde em 2021 de 86 milhões de toneladas que foram para o exterior. O produto não foi afetado pela falta de chuva. Isso porque a crise hídrica foi mais forte no segundo semestre de 2021, momento que a soja já está sendo colhida. Para esse produto a gente precisa de chuva só nos primeiros meses do ano. Então no momento que a gente precisava de água, tivemos”, destaca.
O setor agropecuário é responsável por 10% de todos os empregos brasileiros, segundo os dados mais atualizados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já o setor de serviços, outro segmento com destaque para 2022, representa aproximadamente 70% das vagas no país. Essa atividade tem previsão de crescimento aproximado de 1,4% até o final deste ano, e também terá papel importante no resultado positivo do PIB.
Por fim, a pesquisa da FGV aponta que o setor de TI, responsável pela segurança da informação na internet, teve crescimento recorde durante a pandemia, momento que o trabalho remoto foi adotado.
Segundo a pesquisa, nos últimos 10 anos, o segmento teve uma alta de 140% no faturamento. E a previsão é que o setor continue crescendo.
“Esse segmento de TI se mostrou Imune a qualquer adversidade e, durante a pandemia, se beneficiou bastante, já que home-office cresceu muito e as pessoas precisaram de maior auxílio nas questões tecnológicas. A partir do momento que a interação social é reduzida, as pessoas passam a utilizar mais as tecnologias”, finalizou a professora da FGV, Silvia Matos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário