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Por falta de concorrência, preços nos combustíveis na Bahia podem disparar, alerta Sindicombustíveis

 


O aumento dos preços dos combustíveis na Bahia tem preocupado os consumidores e também o Sindicombustíveis. Isto porque os valores podem subir ainda mais devido a falta de concorrência entre as refinarias. O secretário do Sindicombustíveis, Marcelo Travassos explicou sobre a situação em entrevista ao Acorda Cidade na manhã desta quinta-feira (6) e de acordo com ele, o estado está refém de um monopólio regional.

A antiga refinaria Landulfo Alves, vendida pela Petrobras, hoje chamada de refinaria Mataripe é administrada pela empresa Acelen que pertence ao grupo árabe Mubadala aplica os preços que bem entende, pois tem a liberdade econômica de atuar no estado. Isso reflete no mercado sem concorrência.


“A Acelen assim como a Petrobras tem liberdade econômica de atuar no estado dentro dos parâmetros que acha conveniente de atuar. Ela resolveu anunciar para o dia 1º de janeiro de 2022 o aumento de R$0,20 centavos na gasolina refinada na refinaria Mataripe e no diesel S10 e S500 um de R$0,13 e outro de R$0,14 centavos. Isso nos preocupa a medida em que a refinaria Mataripe tem um mercado cativo, não existe concorrência no mercado da Bahia e em Sergipe para o fornecimento de gasolina A e do Diesel S10, S500. Consequentemente a sua política de preços pode seguir um processo de reajuste acima daquele esperado pelo mercado. Evidentemente que ela já anunciou para os diversos segmentos do setor de combustíveis que acompanha as oscilações de preços do barril de petróleo e leva em consideração ao câmbio para internalizar os preços no Brasil. Mas, a gente não consegue enxergar a possibilidade de nenhuma distribuidora adquirir esses produtos através de uma outra refinaria no Brasil porque elas estão distantes, já que a estrutura de refino que foi desenvolvida pela Petrobras foi uma estrutura regionalizada. Diversas refinarias que existem foram construídas para atender mercados específicos e consequentemente quando as distribuidoras não vão poder trazer esse produto por falta de competitividade”, explicou.

Segundo Marcelo Travassos, as refinarias da Petrobras de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, não terão condições de colocar o produto na Bahia por um preço menor do que a Acelen coloca.

“Mesmo assim com o preço da Acelen é maior do que pratica nas outras refinarias por conta da logística porque tem um custo representativo, por outro lado as distribuidoras não vão poder importar pelo menos a curto prazo derivados de petróleo do mercado internacional porque infelizmente a estrutura portuária da Bahia não consegue receber navios petroleiros de grande porte. Os navios que têm aportado na Bahia são de pequeno porte e esse volume não é representativo a ponto de significar uma concorrência direta com produto produzido. Essa é a nossa preocupação, a gente está refém de um monopólio regional e o monopólio que a gente não tem nem como pressionar do ponto de vista das instituições governamentais”, disse.

O sindicalista informou também que a refinaria Mataripe não tem uma única ação do governo do estado brasileiro, do governo do Estado da Bahia. Assim, não é possível comprar fora. Se as distribuidoras deixarem de comprar, o mercado de combustíveis da Bahia e de Sergipe vai ficar desabastecido, não terá produto para entregar para o consumidor final.

“Nós vivemos dentro de uma economia de mercado e isso significa que os agente econômicos, eles estão livres para praticar, se posicionar no mercado da forma que ele quiserem, isso se refere ao produtor, neste caso refinaria, ao distribuidor, neste caso as distribuidoras e também ao varejista neste caso os postos revendedores de combustíveis. Todos estes agentes econômicos têm a liberdade de se posicionar em preço, em condições de mercado, de venda da forma que acharem que é conveniente para o seu negócio. O que vai fazer com que a economia tenha um equilíbrio é a concorrência. Aí está a nossa preocupação. Nesse caso específico hoje não existe concorrência. A liberdade de preços que a Acelen tem, vai praticar o preço que ela quiser porque não tem concorrência direta”, enfatizou.

Cartel dos combustíveis

Questionado se existe cartel dos combustíveis em Feira de Santana, Marcelo Travassos afirmou que o a sociedade de forma geral olha o setor de revenda de combustíveis a partir do senso comum. Esse senso, segundo ele, enxerga a prática de preços iguais como cartelização. Mas, ele afirmou que isto não é verdade e que é preciso olhar o segmento a partir de uma metodologia científica.

“A gente precisa mergulhar dentro do segmento, entender o que existe por trás da bomba, do preço que está na placa para ter um juízo de valor a respeito do que acontece com os preços do combustível. O que vai diferenciar o nível de preço de um mercado para outro é a lei mais antiga que existe na economia, a da oferta e demanda. De mercado em mercado vai existir diferença por conta disso, mas dentro do mercado dificilmente terá diferenças gritantes. Hoje os postos compram a gasolina entre 87 a 90% no seu preço no produto que ele está adquirindo, se tem por exemplo uma gasolina de R$10 o posto comprou entre R$9,60 a R$10 a margem de comercialização que ele tem de 3 a 10% não tem nenhuma relevância no alto custo que esse produto tem no nosso mercado. O que tem relevância para que o preço da gasolina seja dessa forma são os fatores estruturais, o refino, o etanol anidro e os tributos esses representam 87 a 90% do preço que o consumidor está pagando”, encerrou.

ARATUON

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