A Defesa Civil de Maceió (AL) voltou a alertar moradores de que uma das minas de sal-gema exploradas pela Braskem está em “risco iminente de colapso”. O comunicado foi disparado via SMS por volta das 13h40 desta quarta-feira 29, após tremores de terra serem registrados nos últimos dias.
“Os últimos sismos ocorridos se intensificaram e houve um agravamento do quadro na região já desocupada. Por precaução e cuidado com as pessoas, reforçamos, mais uma vez, a recomendação de que embarcações e a população evitem transitar na região”, diz a mensagem.
Pessoas que vivem perto do Mutange contaram à reportagem que ao menos cinco abalos sísmicos foram sentidos nos últimos três dias. “Estava deitado, mas ainda acordado quando senti [o tremor]. A cama balançou. Senti a cama balançando bem de leve, se movimentando.
Fiquei assustado”, diz, sob reserva, um morador do Condomínio Morada das Árvores.
O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília registrou um tremor de magnitude 1.7mR às 2h50 de terça-feira. Procurada, a Braskem disse acompanhar de forma ininterrupta os dados de monitoramento da região.
Nas redes sociais, o prefeito João Henrique Caldas (PL) anunciou a criação de um gabinete de crise sobre o caso.
Mais cedo, o Ministério Público Federal voltou a pedir explicações à companhia sobre a possibilidade de colapso na mina e afirmou que, neste momento, recomenda “a intensificação de todas as medidas de proteção das pessoas e de comunicação à sociedade”.
As minas citadas pela Defesa Civil são cavernas abertas pela extração de sal-gema, realizada pela Braskem desde 1997, mas que estavam sendo fechadas desde que cinco bairros de Maceió começaram a afundar, em março de 2018.
O colapso do solo deixou ao menos 50 mil desabrigados e resultou na desocupação forçada de 17 mil imóveis. A mineradora encerrou a extração do minério na região em 2019, um ano após o desastre.
No fim de junho, a Braskem anunciou ter firmado um acordo de indenização com a prefeitura de Maceió no valor de 1,7 bilhão de reais. As tratativas não envolveram o governo de Alagoas, que diz considerar o acordo “excludente” e pede sua suspensão no Tribunal de Contas da União.
Quatro meses depois, o Tribunal de Justiça impôs um novo revés e determinou que a mineradora indenize o Estado por prejuízos financeiros causados pelo colapso no solo. O valor ainda deve ser definido após uma perícia.
A indenização às famílias atingidas pelo afundamento também é alvo do Conselho Nacional de Justiça, que atendeu a um pedido da Defensoria Pública pela suspensão do trecho que considera suficiente o pagamento de 25 mil reais por danos causados pela companhia aos bairros Flexal de Cima e Flexal de Baixo.
Carta Capital
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