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Intersexo: entenda o termo que foi pela primeira vez reconhecido em um registro civil no Brasil

 

Céu mostra sua certidão de nascimento retificada com o termo ‘intersexo



Nesta semana, após quase três anos de espera, a jornalista e fotógrafa Céu Ramos de Albuquerque conseguiu alterar seu registro civil com o termo intersexo. Ela foi a primeira pessoa de que se tem notícia em todo o Brasil a conseguir a aprovação judicial para fazer a mudança, segundo a Associação Brasileira Interesexo (Abrai).



Nesta reportagem, você vai entender:


O que significa uma pessoa ser intersexo?

Qual a diferença entre hermafrodita e intersexo?

Essas condições interferem em questões de gênero?

O que significa uma pessoa ser intersexo?

O termo intersexo é abrangente e usado para descrever uma ampla gama de variações corporais nas características sexuais inatas.



Assim, segundo a Abrai e o Escritório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), as pessoas intersexo são aquelas que têm características sexuais que, desde o nascimento, não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos femininos ou masculinos.

Essas características podem estar relacionadas a cromossomos, órgãos genitais, hormônios, entre outros. Em algumas pessoas, as características intersexo são perceptíveis logo no nascimento; em outras, podem surgir na puberdade ou ficarem aparentes apenas em fases mais tardias da vida.


Uma pesquisa da ONU estimou que entre 0,05% e 1,7% da população mundial nasce com características intersexo — o que pode significar até 3,5 milhões de pessoas apenas no Brasil.


Essas pessoas podem ter alterações hormonais, genitais ambíguos e outras diferenças anatômicas, ou ainda nascer com códigos genéticos diferentes do padrão. Um exemplo: o corpo pode ser fisicamente feminino, mas o seu código genético ser XY (X é o cromossomo feminino e Y é o masculino), o que pode afetar o desenvolvimento e a produção de hormônios.


Qual a diferença entre hermafrodita e intersexo?

O termo “hermafrodita” já foi, durante muito tempo, utilizado de forma genérica para denominar pessoas intersexo. Esse termo, no entanto, deixou de ser usado por ser considerado limitante e de cunho pejorativo, reforçando estereótipos negativos.


Segundo nota informativa da Organização das Nações Unidas (ONU) Direitos Humanos, o termo hermafrodita assume um “significado estreito e limitado dentro do campo da ciência e, portanto, pode promover ideias incorretas e homogeneizadas sobre a aparência e as capacidades dos corpos intersexo”.


A nota reforça, no entanto, que algumas pessoas usam e reivindicam o termo para si — o que torna “primordial” que se respeite a escolha das pessoas em relação à terminologia que elegem para se referirem a si mesmas.


Mas então, qual é a diferença entre os dois termos?


Segundo a Abrai, hermafrodita é uma pessoa que tem uma condição congênita (desde o nascimento) onde há presença de testículo e ovário, com presença ou não de genitália ambígua — quando os órgãos sexuais não são bem formados ou não são claramente masculinos ou femininos.


Já intersexo é o termo generalista que engloba todas as condições biológicas que não se enquadram nas definições médicas de “macho e fêmea” — o que significa que “hermafrodita” é apenas uma das definições englobadas pelo termo.


Outros exemplos de intersexualidade são:


insensibilidade androgênica;

regressão testicular;

hiperplasia adrenal congênita;

Síndrome de Klinefelter;

Síndrome de Turner;

Síndrome de Rokitansky, entre outras.

Essas condições interferem em questões de gênero?

Não. Cada pessoa, independentemente da condição genética, terá a própria identidade de gênero.


Fonte: g1 Bahia

Foto: Artur Ferraz/g1 PE

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