O tiroteio registrado na noite de domingo (10) no bairro do Stiep, em Salvador, que fez motoristas trafegarem na contramão e pedestres se jogarem no chão, integra um panorama de violência que já contabiliza 1.019 episódios de troca de tiros na capital e região metropolitana desde 1º de janeiro, segundo o Instituto Fogo Cruzado.
Do total de ocorrências, 437 aconteceram durante ações policiais. Até 11 de agosto, os confrontos resultaram em 835 mortes, 368 delas em operações das forças de segurança, e deixaram 206 pessoas feridas, incluindo 55 em situações com participação policial.
O número de tiroteios é menor que o registrado no mesmo período de 2024, quando houve 1.119 episódios, mas, apesar disso, a quantidade de mortes foi maior neste ano.
No confronto do Stiep, segundo a Polícia Militar, a ação teve início após denúncia sobre homens armados na localidade conhecida como Inferninho. Durante buscas, os policiais localizaram suspeitos na área do Morro do Borel e foram recebidos a tiros. Houve revide e um homem foi atingido, sendo levado ao Hospital Geral do Estado, onde morreu. Com ele, foram apreendidos uma carabina calibre 556, munições, maconha e uma balaclava.
Moradores relataram momentos de pânico. Uma mulher contou que familiares que estavam na piscina do condomínio se jogaram no chão ao ouvir disparos. Outro morador disse que houve correria na portaria de seu prédio e que o porteiro se abaixou na guarita para se proteger.
Ainda no domingo, pela manhã, a abertura do Mundial Feminino de Polo Aquático Sub-20, na Arena Aquática de Salvador, no bairro da Pituba, foi interrompida após disparos próximos ao local. O momento foi transmitido ao vivo e mostrou atletas e público se abrigando. O episódio repercutiu em veículos internacionais, como a Sportsnet, do Canadá, e a Al Jazeera.
Segundo o Fogo Cruzado, só em julho, Salvador e RMS tiveram 133 tiroteios, com 101 mortos e 30 feridos. Entre 1º e 11 de agosto, já foram contabilizadas 35 ocorrências. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que muitos confrontos são “resposta à ação da polícia” e fazem parte do cerco ao crime organizado no estado.
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