Fique certo de que o Brasil vai ficar taxiando no solo ao longo dos próximos anos. Pelo menos até 2020 vamos ter de resolver em primeiro lugar um amargo, profundo e complexo ajuste fiscal. Isso mesmo. Aquele que foi prometido e alardeado no início de 2015 por Dilma Desastre e que não saiu do lugar.
Em paralelo com o tal ajuste que deve vir aí, o país vai assistir a um processo político-jurídico similar ao Julgamento de Nuremberg ao final da Segunda Guerra. Isso mesmo. Após a saída da Dilma, não vai dar para simplesmente virar a página e tocar em frente.
Nós vamos assistir ainda ao prosseguimento da Lava Jato até o final deste ano e na sequência o maior julgamento da história deste país. Neste julgamento teremos com réu pelo menos um ex-presidente, muito provavelmente dois, e muitos outros peixes grandes. E isso, fique certo, vai durar anos até saírem as sentenças.
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As empresas vão ter que se espremer e se reinventar para voltar a crescer neste cenário de terra arrasada que Dilma Desastre deixa para trás. Não veremos uma volta por cima da economia como gostaríamos. Vai ser um trabalho árduo para adultos calejados, que têm responsabilidades que você, jovem, ainda não tem; e que não têm também as alternativas de flexibilidade que você tem. Não tem caminho mágico e fácil à frente.
Você é daqueles jovens identificados como “concurseiro”? Sinto muito. Não aposte suas fichas nisso. O ajuste fiscal e a reconfiguração que vão delinear o novo setor público brasileiro nos anos à frente vão restringir novas contratações de maneira severa. A máquina pública está inchada e é pouco produtiva.
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A austeridade de governo aqui no Brasil deverá seguir regras similares da austeridade em outros país que já fizeram o ajuste. Por exemplo, em Portugal a regra de contratação no setor público agora é chamada “2 para 1”, isto é, dois funcionários da ativa precisam sair para que seja contratado um novo.
Não perca tempo. Aproveite que a terceira década é a melhor para que o ser humano desenvolva uma cabeça global. É justamente entre os 20 e os 30 anos que uma pessoa aprende a operar multiculturamente, isto é, a entender e participar em ambientes diferentes do seu habitat natural, local e nacional.
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Jovens com cabeça global constituem um dos principais ativos, um dos principais recursos para que um país se desenvolva e participe com protagonismo do ambiente global. Todos os países que se tornam grandes players devem superar aquela linha mágica de ter metade de seu PIB resultante de exportação. E não é exportando commodities, como nos acostumamos. É exportação de produtos e serviços de alto valor agregado.
É o que mostra a história da economia desde o final da Segunda Guerra Mundial com os exemplos de Alemanha, Japão, Coreia do Sul e agora China -- países que atingiram essa marca mágica de exportar pelo menos a metade do que produzem.
Nem nos melhores momentos o Brasil nunca passou de 20% de seu PIB gerado por atividades de exportação, sendo que infelizmente a maior parte da riqueza exportada não foi de produtos de alto valor agregado, como a produção de aeronaves da Embraer, por exemplo. Riqueza de alto valor agregado demanda gente qualificada e com cabeça global e é isso que você deve considerar como seu passaporte de retorno ao Brasil.
Compre uma passagem pra o exterior imediatamente e monte lá uma rede de conhecidos no que o ajude nos primeiros meses. A internet está aí para isso. Aproveite a sua juventude e seja ousado.
Se não tiver dinheiro para passagem e para as primeiras semanas, passe o pires na família. Ou então faça um livro de ouro. Rife alguma coisa. Faça uma vaquinha na internet, o tal do crowdfunding. Mas vá.
Não desperdice uma chance de ouro num momento em que esse país ainda está na UTI e de onde não vai sair tão breve. Vá!
Vá e viva no mínimo uma grande aventura.
Nós vamos ficar aqui tentando -- mais uma vez! – consertar esse Brasil desandado, legado de Dilma Desastre. Vocês sempre terão um lugar aqui entre pais, avós e amigos. E vai fazer muito bem a vocês voltarem com cabeça mais cosmopolita e globalizada.
RICARDO NEVES, ÉPOCA
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